Dirigir na rotatória do Coroado, fazer compras na Manaus Moderna ou andar nas calçadas do Centro da cidade pode elevar o nível de estresse dos moradores de Manaus. Em alguns pontos da capital, o risco de um acidente assusta e requer atenção redobrada.
O produtor audiovisual Paulo César dos Santos, 46, afirma que prefere dirigir até dez quilômetros a mais para evitar a saída da Avenida General Rodrigo Otávio, no Complexo Viário Gilberto Mestrinho, zona leste. Ele disse que, até agora, não sofreu um acidente no local, mas tomou a decisão de não passar mais por ali depois de ter visto um atropelamento. “É muito tenso. Percebi que, quando eu estava ali esperando para conseguir passar, meu coração acelerava e eu ficava muito estressado”, afirmou.
Para os pedestres, a travessia da rotatória também pode causar muita tensão. Não há semáforos na área e alguns motoristas avançam a faixa mesmo com as pessoas passando. A dona de casa Luciana Guimarães, 25, grávida de seis meses, conta que quase foi atropelada no local, na manhã da última sexta-feira. “Aqui é preciso contar com a sorte e boa vontade dos motoristas. Alguns gostam de assustar a gente e até aceleram para nos apressar”.
O trânsito causa apreensão nos motoristas em vários pontos da cidade. Na Avenida das Torres, além do matagal que impede a visão de quem vai fazer o retorno em alguns pontos, os morros de terra que sustentam as torres também dificultam a visibilidade na hora da manobra. “Eu tenho medo de atropelar alguém aqui, porque a qualquer momento surge um pedestre atravessando e é uma pista de alta velocidade”, disse o motorista Francinei de Souza.
Obstáculos
Comprar verduras e frutas frescas, num preço bom, tem um custo alto para a dona de casa Márcia Oliveira da Silva, 50. Ela conta que o perigo já começa na Rua Barão de São Domingos, para entrar na Feira da Manaus Moderna. “É muito difícil andar ali, porque tem carros estacionados em todos os lados, caminhões na pista, carrinhos de fruta e sempre tem bêbados e pessoas drogadas”.
Dentro da feira, Márcia percorre os box estreitos com medo de ser atingida por carregadores ou tropeçar em algum obstáculo no chão, em razão da pouca iluminação. “Acho super desagradável vir aqui. Muitos feirantes cospem e tossem em cima dos produtos, é preciso redobrar a atenção aqui dentro”, disse.
A professora Ingrid Pereira, 30, fraturou o pé ao cair no buraco de uma calçada na Rua Joaquim Sarmento, Centro de Manaus, no ano passado. Revoltada, ela reclama da falta de espaço adequado para caminhar na área central da cidade e em vários bairros. “Acho triste porque sei que outas pessoas continuam se machucando, como aconteceu comigo”.
Ranking Nacional
Manaus está entre as três piores capitais do País para se viver, segundo o Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu), divulgado pelo Instituto Nacional de Ciência Tecnologia Observatório das Metrópoles, com base em dados do Censo 2010. A pesquisa avaliou itens como fornecimento de energia, iluminação pública, coleta de lixo e tempo de deslocamento dos cidadãos entre a casa e o trabalho. Do ranking com 289 cidades, entre capitais e as respectivas regiões metropolitanas, Manaus ocupa a 247ª posição.
A Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) informou que relatou os problemas para as secretarias competentes tomarem providências.
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