Uma mudança de estratégia do governo estadual promete começar a botar capítulos finais numa novela que parecia sem fim: a volta dos bondes de Santa Teresa. O secretário de Transportes, Carlos Osorio, afirmou, nesta quarta-feira, que os veículos retornarão à ativa até o fim de março, mas apenas num trecho com cerca de 2,7 quilômetros de trilhos, entre a estação Carioca e o Largo do Curvelo. Até o fim de maio, uma outra parte do trajeto, até o Largo dos Guimarães, deve ser reinaugurada.
"Decidimos fazer a inauguração em fases porque o carioca está com saudade dos bondes e nós também. O trecho até o Curvelo está totalmente pronto, falta apenas concluir um acesso até a garagem de manutenção para que possamos retomar a circulação. Inicialmente, o funcionamento será apenas em alguns horários, mas no fim de março já haverá o transporte regular de passageiros", garantiu Osorio.
O trecho Carioca-Curvelo é o mais emblemático, pois é onde estão os Arcos da Lapa. Apesar do avanço, o fim completo da novela ainda é uma incógnita. A inauguração total, até Silvestre e Neves, não tem prazo definido. As datas de conclusão devem ser anunciadas ao longo deste ano. Em dezembro passado, o estado previa terminar as obras até o fim de 2015.
Nesta quarta-feira, a Procuradoria do Estado entrou com recurso contra a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), publicada em 26 de janeiro, que penhorou os 14 novos bondinhos que estão sendo adquiridos pelo governo. Mesmo com a penhora, Osorio negou que haverá atrasos. Os veículos estão em fase de testes.
O curioso é que a penhora dos bondes ocorreu graças a uma ação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil, que cobra dívidas trabalhistas que chegariam a R$ 78,82 milhões. O contrato assinado pela Secretaria da Casa Civil com a empresa TTrans, em 2012, para a compra dos 14 veículos é de praticamente metade deste valor: R$ 39,9 milhões. E mais: apenas cinco composições já estão efetivamente no Rio para os testes. Até agora, foram empenhados apenas R$ 14,5 milhões nessa compra.
Os cinco bondes, segundo Osorio, serão suficientes para a primeira fase de retomada do transporte. Os outros chegarão à medida que as obras forem concluídas. O sistema parou de funcionar em 2011, depois que um acidente deixou seis mortos e 60 feridos.
Leia também: