Este artigo surgiu da observação das ruas. Surgiu enquanto a equipe de colaboradores do Mobilize coletava dados para a atualização das obras do projeto Cidade Bicicleta, em Salvador.
O que ficou evidente, assim que alguns trechos da cidade foram sendo visitados, é que a prefeitura da capital baiana ainda não compreendeu que a democratização do espaço público é, como defendemos, o império da mobilidade do pedestre. Os problemas são visíveis mesmo nas ações implementadas pela própria administração com esses fins. É o caso de intervenções físicas realizadas por toda cidade, como na praça “Orungan”, recém-inaugurada, que logo teve seu espaço contraditoriamente encoberto. Veja na galeria de fotos.
Barreiras de todo tipo
Como se já não bastassem as barreiras permanentes erguidas - caso de estruturas colocadas nos bairros da Barra e Ondina, por onde passam os principais circuitos do carnaval baiano, e de interferências das obras de requalificação da orla do Jardim de Alah, das mais frequentadas pela população -, não bastassem esses bloqueios, agora também seus passeios, ciclovias e espaços públicos são obstruídos por barreiras temporárias.
No primeiro caso, são as invasivas estruturas dos camarotes e as instalações de apoio da prefeitura, com montagens iniciadas um mês e meio antes do início das festas; no segundo, com instalações das obras por parte de construtoras (containers, maquinários, e outros), que em geral não explicitam nem ao menos o prazo estimado de duração dos serviços. Ou seja, agora o cidadão é expulso das áreas a ele reservadas por direito, sem aviso prévio.
Esse é o quadro: falta de restrições e fiscalização, privilégios abusivos do capital especulativo, ausência por parte da municipalidade da consciência do que é o exercício do direito pleno à cidade, o qual não tem e nem deve ter data marcada no calendário.
Legislação e normas existem, mas o bom senso deve ser soberano para o interesse comum. Além disso, nesse contexto, Salvador ainda precisa da movimentação cidadã, aquela que indague, que reivindique, e que se faça cumprir. A prática ainda é “eu olho, mas não vejo” e assim seguimos, mesmo incomodados, como cita uma conceituada crítica baiana, "com essa irritante resignação passiva”. Mobilizem-se.
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