Faixa de pedestres azul desobedece manual de trânsito, diz Denatran

Faixa complementar pintada nas ruas de Araraquara (SP) fica escorregadia na chuva, alertam motociclistas. Assunto movimentou redes sociais depois de acidente fatal

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Fonte: Tribuna Araraquara  |  Autor: Celso Luís Gallo / Araraquara.com  |  Postado em: 28 de janeiro de 2015

Faixa azul e branca em Araraquara: escorregadia

Faixa azul e branca em Araraquara: escorregadia

créditos: Reprodução

 

O leitor Luiz Gustavo Corrêa, especialista em Planejamento e Gestão de Trânsito, enviou ao Mobilize a notícia que reproduzimos abaixo, publicada ontem (27) no jornal Tribuna Araraquara. 

 

Alvo de fortes críticas nos últimos dias nas redes sociais e nas ruas de Araraquara (SP), a faixa de pedestres com pintura complementar azul está em desacordo com o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

 

O órgão afirma, em nota à Tribuna, que a cor da pintura deve ser apenas branca e que o fato precisa ser comunicado ao Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), pois a ele compete fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito.

 

O assunto voltou à tona após o acidente que matou Felipe Prestes Nunes, de 22 anos, no Centro, na sexta-feira (23). Um vídeo mostra que, depois de um caminhão passar o sinal de “pare”, o motociclista teria escorregado ao tentar frear em cima da faixa.

 

Mototaxistas de Araraquara reforçam as críticas à faixa colorida. “Se seca ela já escorrega, imagine molhada. Se frear, vai para o chão. Se virar rápido, também. Tem que tirar todas”, diz Gelsimar Vieira da Silva, 43.

 

“A faixa é lisa, não podemos frear nela. Se chover, é um sabão. Temos que tomar cuidado”, afirma Evandro Balbino da Costa, 36.

 

Mais risco

José Bernardes Felex, especialista em trânsito e transportes e professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo), assistiu ao vídeo e afirma que a faixa azul contribuiu para a derrapagem.

 

“Essa faixa coloca, efetivamente, um risco a mais a pedestres e motoristas, polui visualmente e é um capricho que vai dinheiro”, analisa.

 

Segundo Felex, o modelo de faixa pintada é muito discutido entre os órgãos de trânsito. “Há uma discussão muito ampla sobre a utilidade dessa faixa complementar em um conselho do Denatran. Usar essa faixa exige uma técnica que torne a superfície não lisa.”

 

Essa técnica, de acordo com o especialista, consiste em acrescentar microesferas de vidro especiais antes de a tinta secar. “Isso faz com que não fique tão liso, reflita a luz à noite e aumente a durabilidade da faixa. Mas a técnica não é muito utilizada no Interior do Estado de São Paulo.”

 

Outro lado

Para o coordenador de Mobilidade Urbana de Araraquara, Coca Ferraz, a faixa de pedestres não foi a responsável pela morte do motociclista, e, sim, a pouca distância entre ele e o caminhão.

 

Segundo seus cálculos, Felipe percorreu 13 metros entre o tempo de ver o caminhão atravessar a frente e ter o reflexo de frear o veículo.

 

Sobre o escorregão, Coca discorda dos motociclistas. “A faixa azul tem o mesmo material da branca e possui as microesferas de vidro. Na chuva, o próprio asfalto também fica liso. Ele iria escorregar de qualquer jeito”, completa.

 

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