Atravessar a rua para ir ao médico se tornou uma operação de risco em Manaus. Sinais de trânsito são desrespeitados por motoristas que “furam” semáforos e realizam conversões proibidas. E os pedestres, parte das vezes debilitados por doenças, precisam desviar de veículos para chegar ao hospital.
Em frente ao Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na Zona Leste, a placa de retorno proibido foi colocada em destaque. O aviso, no entanto, é ignorado por motoristas que aproveitam o sinal fechado para carros que trafegam pela avenida Cosme Ferreira para fazer a conversão proibida.
O semáforo é acompanhado de um outro para pedestres usado tanto por pessoas que desejam ir ao hospital quanto por usuários de ônibus, que precisam ir para a plataforma central da via. Na manhã de ontem, A CRÍTICA flagrou dezenas de pedestres desviando de veículos que realizavam o retorno proibido e ainda que ignoravam o sinal vermelho.
Doentes que precisam atravessar a avenida Mário Ypiranga para entrar no Pronto Socorro 28 de Agosto e no Instituto da Mulher Dona Lindú correm ainda mais riscos. Em frente ao hospital não possui passarela, faixa de pedestre e tampouco semáfaro de pedestre para auxiliar a travessia dos doentes.
É necessário andar cerca de 400 metros para atravessar em um semáforo de pedestre em frente a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped) ou atravessar pela passarela em frente ao shopping localizado na mesma rua.
Nesta quinta-feira (22), a assessoria da Manaustrans informou que a faixa não foi feita porque não houve solicitação da população. Um estudo para a colocação de faixa de pedestre ou semáforos só será feita após uma solicitação formal de um pedestre.
A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira, localizado no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste, foge à regra. Para auxiliar os pedestres, tem disponível uma passarela e um semáforo de pedestres. O hospital é considerado referência no tratamento de doenças tropicais e atende pessoas de todo o País.
Motoristas são imprudentes
Moradores do conjunto Vilar Câmara, Aleixo, Zona Leste, reclamam do desrespeito dos motoristas. Segundo Célio Figueiredo Pereira, 50, carretas de transporte pesado e motoqueiros avançam o semáforo levando risco para os moradores.
“Eu moro aqui há 32 anos e a situação agora tem ficado pior. As carretas usam ruas estreitas do bairro para fazer retorno e apresenta risco para a vida da gente. As crianças são a nossa maior preocupação porque elas ficam em frente à escolhinha de inglês esperando os pais e podem ser atingidas”, disse.
Segundo o morador, a Manaustrans já foi acionada diversas vezes com pedidos para a instalação de radares eletrônicos e uma fiscalização mais intensa na área. “Eles dizem que vão mandar um técnico para fiscalizar, mas até lá o nosso problema não é resolvido. Os motoristas precisavam ser mais conscientes”, finalizou.
O que diz a lei?
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, executar retorno em local proibido é infração gravíssima. O motorista pode receber sete pontos na carteira e ainda multa de R$ 191. A infração é considerada uma das mais comuns no País.
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