Governo do MT cogita reajuste de valores para conclusão do VLT

Obra custa R$ 1,7 bilhão e segue paralisada por determinação do governador Pedro Taques (PDT)

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Fonte: MT Agora  |  Autor: MT Agora  |  Postado em: 21 de janeiro de 2015

Obras estão sem prazo definido

Obras estão sem prazo definido

créditos: Luiz Alves / Secom-Cuiabá

 

O secretário de Estado do Gabinete Estratégico, Gustavo Oliveira, não descarta ter de realizar novos ajustes financeiros para concluir o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá. A obra foi orçada em R$ 1,7 bilhão, mas segue paralisada desde o ano passado, ocasião em que o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, executor da obra, suspendeu os trabalhos por falta de pagamento.

 

De acordo com o secretário, não há estimativa para o quanto ainda será gasto com o modal, visto que ainda não foi finalizado o novo cronograma físico-financeiro da obra. “Não temos prazo, nem preço estimado. Diversos ajustes foram feitos, algumas etapas da obra foram suprimidas, outras foram adicionadas. Precisamos entender esses detalhes e faremos isso rapidamente”, afirmou.

 

Nesta semana, o secretário e os engenheiros do consórcio se reuniram a fim de alinhar e definir quais os serviços a serem executados ainda neste ano. Não foi sinalizado um prazo para o término da obra. Apesar de especulações de que a obra teria sido abandonada pelo Consórcio VLT, o secretário garante que está sendo planejada uma nova forma de reiniciar as obras sem prejudicar tanto a população.

 

“Muito pelo contrário, ele [o consórcio] manifesta interesse em continuar com a obra; vamos repactuar o cronograma e fazer uma nova lógica de obra que afete menos o cidadão e que possibilite a obra andar de forma mais rápida. Eles estão fazendo trabalhos de escritório, de revisão de projetos que estavam programados para esse período”, disse.

 

A obra está sendo executada desde 2012 e deveria ficar pronta para a Copa do Mundo, em junho do ano passado; contudo, não conseguiu sequer ser concluída em seu primeiro trecho, em Várzea Grande. Empresários, especialmente, na região da Avenida da FEB, seguem reclamando da demora em concluir o modal e das perdas que amargam por causa da morosidade da obra.

 

Parte do Eixo 1 do VLT (Aeroporto-CPA), na Avenida da FEB, em Várzea Grande, é possível encontrar diversos canteiros de obras e alguns desvios que impedem o acesso da população a determinadas ruas. A maioria diz respeito à obra das oito estações do modal previstas que já deveriam ter diso concluídas. Destas, apenas uma foi finalizada e está localizada em frente ao Aeroporto Marechal Rondon. Outra obra finalizada, mas não entregue ao Estado, é a trincheira do KM Zero. A obra já está liberada para o trânsito e foi a primeira construção iniciada, em outubro de 2013, pelo Consórcio VLT. Contudo, ainda não apresenta todos os serviços – como sinalização e paisagismo – concluídos.

 

Prainha 

Já em Cuiabá, na Avenida Tenente Coronel Duarte, conhecida como Prainha, a obra começou em ritmo acelerado, mas, depois de desfigurar praticamente todo o canteiro da avenida, os serviços foram suspensos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No final de 2013, o Iphan identificou vestígios arqueológicos no Centro Histórico de Cuiabá e a área foi minuciosamente estudada por equipes de engenharia civil (projetista e de produção) e ambiental.

 

Desde então, o órgão não deu aval à continuidade da obra. O mesmo ocorre nas proximidades do Morro da Luz. No local, nenhuma obra foi iniciada, visto que o consórcio não apresentou oficialmente o projeto que será executado no local. A previsão é de que nas proximidades do Morro seja edificada uma subestação para energização dos trens.

 

Já no local conhecido como “Ilha da Banana” deve ser construída a Praça Largo do Rosário, que será integrada ao terminal de embarque e desembarque do Eixo 2 do modal (Centro-Coxipó). No entanto, nem a desapropriação do local foi iniciada, visto que a situação foi parar na Justiça, pois proprietários de terrenos alegam que o local é tombado como patrimônio cultural e, por isso, não pode passar por reformas. O impasse já dura mais de um ano.

 

Avenida do CPA

Na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), rambém na Capital, a situação não é tão diferente. Na via, estão previstas três obras: a “trincheirinha” Trigo de Loureiro, próxima à rua de mesmo nome, a trincheira da Rua Luis Felipe, além das correções do viaduto da Sefaz. A trincheira Trigo de Loureiro deverá ter 40 metros de comprimento, sob a Avenida Miguel Sutil, permitindo o acesso ao bairro Araés e à Avenida do CPA.

 

Estacas que receberão as vigas de coroamento e as lajes para construção do túnel chegaram a ser implantadas, mas a obra não avançou. Apenas serviços necessários para o alargamento das pistas do viaduto foram iniciados, mas a implantação das três faixas de rolamento no viaduto sob a Avenida do CPA também não saiu do papel.

 

Já a trincheira Luis Felipe está prevista para ser entregue com 340 metros de extensão e o VLT deverá trafegar pela parte de baixo; acima, haverá uma rotatória para acesso às regiões dos bairros Terra Nova e Alvorada - no caso desse último, por onde o motorista poderá seguir em direção ao terminal rodoviário da cidade.

 

No entanto, a obra no local não chegou nem perto de ganhar forma. Os carros que passam pela região encontram apenas tapumes, blocos de concreto (os famosos "gelos baianos") para impedir o acesso de pessoas e veículos no local e muita lama. Ambas as obras são necessárias porque, assim que o VLT estiver em funcionamento, serão extintos os retornos existentes no canteiro central, na altura do viaduto da Miguel Sutil sobre a avenida do CPA.

 

Ainda na Avenida do CPA, encontra-se o viaduto da Sefaz, interditado em agosto do ano passado, após serem detectadas fissuras e rachaduras na obra. A previsão agora é de que o elevado seja liberado somente em abril, visto que a obra deve passar por diversas correções que exigem acréscimo de concreto e aço em blocos de fundação e reforço na armadura longitudinal do elevado. “Estão trabalhando no reforço estrutural do Viaduto da Sefaz que apresentou problemas estruturais e não haverá prejuízo de continuidade da obra”, disse o secretário Gustavo Oliveira, nesta semana.

 

O viaduto foi elaborado para solucionar o tráfego na região do Centro Político Administrativo, visto que o VLT passará por baixo do elevado naquela região. Para piorar a situação nesta avenida, todo o canteiro central está repleto de sacos de areia que visam a impedir que terra da obra que está paralisada se espalhe pela avenida em dias de chuva, ocasião em que se formam verdadeiros espelhos de lama.

 

Na Avenida Fernando Corrêa, onde será implantado o Eixo 2 do VLT, a situação não está muito diferente. Apesar de poucas intervenções, como estátuas e árvores terem sido retiradas do canteiro central, os moradores sofrem com os problemas ocasionados por obras mal executadas. O viaduto da UFMT é um exemplo. A obra foi edificada para possibilitar a passagem do VLT, integrado à livre circulação de veículos.

 

O viaduto foi inaugurado, o trânsito foi liberado e até trilhos foram instalados no local. No entanto, rachaduras, fissuras e buracos nas juntas de dilatação foram constatados no elevado. Além disso, a obra também não possui sistema de drenagem. Por isso, a cada chuva, as proximidades do elevado alagam e a situação piora com o transbordamento do Córrego do Barbado, que também não possui projeto de limpeza e revitalização. “A única solução possível é um projeto de drenagem integrado para toda a região, daquele volume de água que hoje se acumula embaixo do viaduto da UFMT. Se ele for inteiro jogado para dentro do Córrego do Barbado, vai alagar uma área ainda maior", avaliou Oliveira.

 

"Precisamos de um novo projeto de drenagem, que compreenda toda a região, para que possa ser solucionado de maneira definitiva, não adianta jogar o problema pra frente. Tirar o alagamento dali é muito fácil, o que nós precisamos é que não alague mais em lugar nenhum”, concluiu o secretário.

 

Outra obra construída para possibilitar a passagem do VLT é o viaduto da MT-040. O elevado não foi oficialmente concluído, mas os trilhos do modal que estavam sobre o viaduto para serem implantados tiveram de ser retirados. Isso porque houve a suspeita de que o material estava sendo visado por ladrões.

 

Suspensão do contrato 

Apesar de todas as necessárias continuidades da obra de implantação do VLT, as construções permanecem suspensas pelo período de 90 dias, conforme determinação do governador Pedro Taques (PDT). “Precisamos ser claros com a sociedade sobre quando essas obras ficarão prontas, quando podem terminar e a que custo”, disse Oliveira.

 

O projeto do VLT está orçado em R$ 1,477 bilhão ao Governo do Estado, sendo que, desse total, pelo menos R$ 896 milhões já foram destinados à aquisição do material rodante, como os trilhos e os carros. Ao todo, serão instalados 22,2 km de trilhos nos dois eixos, por onde devem circular os 40 carros do VLT – formados por sete vagões cada um.

 

Além dos trilhos e implantação do modal, o projeto prevê a execução de estações e terminais, bem como de obras de arte (pontes, trincheiras e viadutos) ao longo dos dois eixos.

 

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