Depois do lançamento da seção Acompanhe a Mobilidade, após a realização do II Fórum Mobilize, em plena noite de sexta-feira, com a casa lotada na GVCes, anunciamos nesta semana a estreia do blog Mobilize Europa, do jornalista Du Dias, que segue pedalando sua bike por várias cidades do velho continente. Como vemos nesta primeira postagem, não por acaso de Amsterdã, as cidades europeias têm muito a ensinar às suas irmãs mais jovens, aqui do Brasil.
A chamada Randstad (cidade-anel), região metropolitana que reúne Utrecht, Roterdã, Haia e Amsterdã ostenta uma eficiente rede de transportes integrados, com bondes, metrôs, trens, barcos, centenas de quilômetros de ciclovias e milhões de bicicletas de todos os tipos. Os cerca de 7 milhões de habitantes da área podem viajar em todos os modos de transporte, em todas as cidades, usando o mesmo bilhete. E mais, podem deixar suas bikes nos bicicletários existentes em cada estação, ou levá-las, dentro dos trens e metrôs.
O trinômio Bicicleta-Bonde-Barco foi exaustivamente defendido pelo urbanista Alexandre Delijaicov durante os debates do II Fórum Mobilize, realizado na última sexta-feira (12), em São Paulo, com o tema Cidades para pessoas: uma utopia no Brasil?. Autor de projeto de um hidroanel metropolitano no entorno da capital paulista, Delijaicov mostrou aos presentes as várias possibilidades de trajetos pelas represas e canais da região metropolitana, desde que haja integração com as linhas de ônibus, trens e metrôs.
A mesma lógica poderia valer para cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belém, Manaus, Salvador, Vitória, Florianópolis e Recife, cidade natal da engenheira Isabel Lins, que representou o Ministério das Cidades no encontro. Isabel lembrou que há um projeto em análise no Ministério que prevê a implantação de um sistema de barcos no rio Capiberibe, para a circulação de passageiros na região, tal como o "Vaporetto" de Veneza. Se realizado, acredita a secretária, o projeto teria o potencial de resgatar o prestígio do rio - hoje transformado em canal de esgotos - entre os moradores da capital pernambucana. O raciocínio pode valer também para os rios Tietê e Pinheiros, o Guaíba, a Baía da Guanabara, Baía de Todos os Santos, o Lago Paranoá, Amazonas e o velho São Francisco.
Ainda no encontro de sexta, o promotor Maurício Lopes lembrou a necessidade de que as prefeituras reassumam a responsabilidade sobre as calçadas, "públicas por definição", disse ele. E a jornalista Natália Garcia mostrou aos presentes o conceito de "Cidades para Pessoas", tema central do evento.
Enquanto isso, em Porto Alegre, na contramão da História, a presidente da Petrobras, Graça Foster, comentava os congestionamentos que paralisam o país: "Acho lindo engarrafamento, pois o meu negócio é vender (combustíveis)".
Nós aqui, como o Du Dias, seguimos pedalando.