Urbanismo para pessoas, a pé

Leia o Editorial da Newsletter semanal de número 56 do Mobilize Brasil

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 07 de março de 2013

 
Pontes, viadutos, grandes avenidas criam barreiras urbanas, prejudicam o ambiente urbano e ampliam a desigualdade social nas grandes cidades. A posição é do urbanista italiano Bernardo Secchi, em entrevista ao portal Piniweb. Na semana passada, Secchi fez a conferência inaugural do seminário Quitandinha+50, no Rio de Janeiro.
 
O evento realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR) relembra o Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana, no Hotel Quitandinha, Rio, em 1963.
 
Na visão de Secchi, embora todas as cidades enfrentem os mesmos desafios, não há solução urbanística genérica, aplicável a qualquer localidade. Mas, diz ele, a primeira ideia é que o problema de mobilidade não pode ser solucionado com novas grandes infraestruturas: "Isso só chama novos carros e novos congestionamentos".
 
O especialista defende intervenções leves, simples e baratas, que possam ser aplicadas imediatamente. Em Bruxelas, ele propôs a criação de uma área vetada a carros, no centro da capital belga, gerando muitos protestos, especialmente dos políticos. Pouco a pouco,  a solução se mostrou adequada e foi sendo estendida a outras regiões da cidade. "Creio que estaríamos melhor em um mundo sem carros, ou com menos carros", sugere Secchi.
 
Automóveis (ainda) são ferramentas muito úteis para o transporte, mas a ideia de afastá-los das cidades ganha cada vez mais força em todo o mundo. O conceito de cidades sustentáveis do futuro, como a Great City, na China, busca a recuperação das ruas e calçadas para as pessoas, com menos veículos privados e muito mais espaço para ônibus, bondes (VLTs), bicicletas e pedestres.
 
Mesmo a megacidade de Nova York abriu mão de seus congestionamentos e fechou algumas áreas da cidade, a Times Square, por exemplo, como área exclusiva de pedestres e ciclistas. A operação foi coordenada pela secretária de Transportes, Janette Sadik-Khan, que fez uma pequena revolução na "Big Apple" e ampliou a rede de ciclovias para quase 800 km.
 
Não a toa, destacamos nesta edição o excelente texto de outra mulher lutadora, a nossa blogueira Mara Gabrilli que elege a calçada como o lugar do encontro, da vida real na cidade. Mara defende o investimento - simples, barato, imediato - na reabilitação desses espaços públicos, tão maltratados pelas prefeituras de todo o Brasil.
 

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