Com mais 49 estações, Bike Rio avança para a Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes

Pontos ficarão na orla, junto a shoppings e condomínios e próximo a quatro estações de BRT, para incentivar integração

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Fonte: O Globo  |  Autor: Simone Candida  |  Postado em: 12 de janeiro de 2015

Estacionamento em frente ao Pepê, na Barra

Estacionamento em frente ao Pepê, na Barra

créditos: Fabio Seixo / Agência O Globo

 

Elas começaram dominando a paisagem da Zona Sul, recentemente passaram a ser vistas com mais frequência pelo Centro e na região da Grande Tijuca, e neste verão prometem dar mais as caras pelos lados da Barra da Tijuca e do Recreio. Em três anos e dois meses de existência no Rio, as laranjinhas — as bicicletas de aluguel compartilhado — já contabilizaram 4,3 milhões de viagens, atingindo a marca de 216 mil usuários cadastrados. Neste ano, o programa Bike Rio vai recomeçar com mais um reforço na frota: ainda no primeiro trimestre, a concessionária Serttel, responsável pela administração do serviço, deverá colocar nas ruas mais 600 bicicletas, que serão distribuídas em outras 60 estações.

 

Com esse reforço, segundo a Secretaria Especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas (Secpar), até fevereiro os ciclistas terão 260 pontos para recolher e usar à vontade uma laranjinha. E poderão contar com mais duas mil unidades em seus deslocamentos para o trabalho ou o lazer.

 

Nesta expansão, a região da Barra da Tijuca e do Recreio será a mais beneficiada da cidade, com 49 pontos: na orla, junto a shoppings e condomínios e próximo a quatro estações de BRT. A ideia da prefeitura é incentivar o uso das bicicletas em conjunto com os ônibus.

 

NA BARRA, EXPECTATIVA

Morador da Barra, o personal trainer Bruno Roberto, de 23 anos, já utiliza o Bike Rio quando vai à Zona Sul, e espera ansiosamente pela chegada de mais laranjinhas na Zona Oeste.

 

"Eu já costumo ir de ônibus para a Zona Sul. Quando estou por lá, fico me deslocando de bicicleta por Ipanema e Copacabana para dar os treinos para os meus clientes. É bom, porque consigo me deslocar com mais rapidez, além de me manter ativo. Aqui na Barra, ainda não conto muito com o serviço. Só espero que a prefeitura também reforce o sistema de ciclovias no interior do bairro, para que o uso das bicicletas não fique restrito somente à orla", opina Bruno.

 

Pelos cálculos da prefeitura, considerando a média de 2,7 quilômetros por viagem, em três anos as laranjinhas já rodaram mais de 11,610 milhões de quilômetros. Entre 2013 e 2014, o programa Bike Rio contabilizou um crescimento de cerca de 35%. Segundo o levantamento, nos meses de setembro, outubro e novembro, o serviço alcançou a média diária de cerca sete mil viagens. E as três estações mais usadas pelos ciclistas ficam em Copacabana: a da Rua Miguel Lemos, a do Posto Seis e a da Avenida Princesa Isabel, todas com a média de seis mil veículos retirados por mês. Já as três menos procuradas são a do Largo do Boiadeiro, na Rocinha, a da Rua Sá Ferreira, em Ipanema, e a da Praça São Judas Tadeu, no Cosme Velho. Os números de retiradas de bicicletas nas estações menos frequentadas, no entanto, não foram divulgados pela prefeitura.

 

REFORÇO NA ZONA SUL

Com a grande procura, principalmente na Zona Sul, a prefeitura decidiu reforçar o número de postos nos bairros da região na segunda fase. Resolveu, também, adiar a chegada das bicicletas em outros pontos da Zona Norte e da Zona Oeste. Bairros como Méier e Campo Grande ainda terão que esperar pela próxima leva de laranjinhas.

 

"Cogitamos expandir para o restante da cidade, mas percebemos que o sistema já instalado não estava comportando a demanda. As bikes estão lá, mas o número de usuários se revelou muito maior do que o esperado. Entendemos também que era importante primeiro reforçar os bairros já atendidos, em vez de expandir para outras localidades. Foi uma decisão estratégica", disse Gustavo Almeida, coordenador geral de controle de concessões da Secpar, acrescentando que a empresa já conta com uma tecnologia que permite o remanejamento de bicicletas para postos com grande procura.

 

A escolha de instalação dos pontos de aluguel, explica Gustavo Almeida, inclui estudos e pareceres de vários órgãos da prefeitura, entre eles a Secretaria de Meio Ambiente, a Secretaria de Urbanismo e a de Obras:

 

"Há alguns pontos com muita procura e outros com baixíssima utilização. Estamos sempre analisando isso para pedirmos mudanças à concessionária. Temos percebido uma baixa procura nos pontos próximos a comunidades. Acreditamos que seja por dois fatores: nestes locais muitos já têm suas próprias bicicletas e preferem usá-las. A necessidade de uso do cartão de crédito para pagamento também pode ser um limitador. Estamos estudando a possibilidade de incluir na próxima licitação uma adequação tecnológica que permita o uso do bilhete único.

 

Uma das estações que serão deslocadas é a situada no acesso ao Morro Dona Marta, que será levada para a Rua São Clemente, liberando o local para construção de uma área de lazer para a comunidade.

 

"Foi um pedido dos moradores. O serviço é um sucesso, mas muita gente reclama quando é na frente de sua casa, ou quando é colocado sobre vagas de estacionamento. Mas os cariocas precisam entender que a prefeitura está firme no propósito desta mudança cultural", diz.

 

Das 199 estações implantadas até o momento, apenas 15 foram instaladas em vagas de estacionamento. Segundo o representante da Secpar, a intenção do projeto é aumentar este percentual.

 

"Há casos em que a CET-Rio não aprovou o uso das vagas porque é necessário deixar as faixas de rolamento livres de equipamentos permanentes, de modo que seja possível promover alterações no tráfego para otimizar o fluxo. Isto acontece, por exemplo, quando há shows em Copacabana ou no planejamento das obras de mobilidade no Centro e na região do Porto", justifica.

 

COPA ATRASOU CRONOGRAMA

As novas bicicletas já deveriam estar rodando desde o ano passado, mas alguns obstáculos levaram a prefeitura a estender o prazo.

 

"Fizemos uma licitação em 2013, que determinava que, até o fim de 2014, as 60 estações existentes seriam revistas e seriam instaladas mais 200. A Copa do Mundo, por exemplo, paralisou todas as obras na cidade por 60 dias. Então, foi dado um prazo maior para a empresa", justifica.

 

O programa de bicicletas públicas demorou a cair no gosto de cariocas e turistas. Uma série de problemas levou à suspensão do sistema, então chamado Pedala Rio, em julho de 2011. Foram dois anos e meio enfrentando obstáculos, como furtos, falhas operacionais e preços pouco atrativos. No dia 28 de outubro de 2011, o programa foi relançado pela prefeitura, em conjunto com a Serttel e com o patrocínio do Banco Itaú. Desde então, a quantidade de estações triplicou, chegando a 60, com um total de 600 bicicletas — antes, eram 19 bases e 150 veículos.



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