Menos uma vaga, muito mais espaço!

Neste texto, o pesquisador Guilherme Tampieri fala sobre o Plano de Ativações do Espaço Público de Valdivia, no Chile, e questiona o modo como utilizamos o nosso espaço

Notícias
 

Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Guilherme Lara Camargos Tampieri  |  Postado em: 15 de dezembro de 2014

Um MiniParque chileno

Um MiniParque chileno

créditos: Reprodução

 

O planejamento urbano é um instrumento fundamental para que gestores públicos, população e os demais atores sociais compreendam e busquem respostas a uma pergunta complexa e que não possui resposta pronta: que cidade queremos?

 

Uma outra pergunta que ajuda a encontrar resposta àquela primeira é: como utilizamos o espaço público?

 

Em uma vaga para carros, por exemplo, estacionam, quando muito, cerca de 40 carros/dia. Em média, cada carro tem não mais que duas pessoas. Numa matemática simples: 80 pessoas usarão um espaço público ao longo de um dia [movimentado].

 

Isso é muito? Pouco não é, mas e se pudéssemos ir além, aumentar o uso desse espaço em até 400% e qualificá-lo?

 

O uso de uma vaga para carros implica em, no mínimo: poluição visual, sonora, do ar e na limitação da utilização para pessoas que possuem um carro. Ou seja, de pronto, menores de 18 anos, que correspondem a 33% da população, no Brasil, não poderiam fazer uso do espaço. Uma vaga de carro é realmente pública? Ou ela utiliza-se do espaço público para privilegiar uma porção da sociedade que detém um atributo específico (o carro, no caso)?

 

Foto: ActivaValdivia

 

Em Valdivia, no Chile, como parte do Plano de Ativações do Espaço Público, gerido por um Consórcio chamado Valdivia Sustentable, foi inaugurado o primeiro MiniParque da cidade, no lugar de uma vaga de carro. Com essa pequena alteração no espaço público, Valdivia permitiu que qualquer cidadão, de todas as idades, possa desfrutar do seu direito à cidade. Além, o município chileno qualificou o uso deste espaço público, quando inseriu árvores, locais para se sentar e bicicletários, e quantificou, por conta da universalização do acesso a ele.

 

O MiniParque ainda é um projeto temporário e está recebendo, in loco, avaliações dos cidadãos que passam por ali. Caso elas sejam positivas em sua maioria ao longo de dois meses, o espaço será definitivo e outras iniciativas semelhantes terão o objetivo de menos vagas, mais espaços.

 

Imagens da construção do MiniParque.

 

Facebook e Twitter do Consórcio.

 

Leia também:

Frota cresce em BH e a qualidade do ar piora 

"Liberem as bicicletas nos parques de BH" 

Virada da Mobilidade em Belo Horizonte: Participe! 

 

 



  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário