Em audiência pública realizada na Câmara Municipal, na tarde de ontem, o Plano Diretor Cicloviário Integrado de Fortaleza (PDCI) foi criticado e recebeu sugestões. O projeto de lei, que prevê a criação, até 2030, de 524 quilômetros de estrutura cicloviária na Capital, foi analisado por cicloativistas.
O vereador João Alfredo (Psol) sugeriu ser necessário incluir, na proposta enviada pelo prefeito Roberto Cláudio (Pros) à Casa, a presença de agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) trafegando em bicicletas. Com isso, indicou João Alfredo, os servidores poderiam realizar a fiscalização e verificar o respeito às ciclovias e às ciclofaixas. “Todas as ruas e avenidas têm potencial para uso de bicicleta. Os motoristas precisam entender que a bicicleta é também um veículo e, como tal, precisa usar uma faixa”, frisou o vereador, que usa o modal para a locomoção.
O diretor-presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida), o advogado Celso Sakuraba, participou da audiência e lamentou o fato de, apesar de ser um grupo de ativistas pró-bicicletas, a Ciclovida não ter recebido o projeto de lei do PDCI antes do envio à Câmara. “A Ciclovida é uma associação composta por pessoas que defendem a bicicleta como forma de deslocamento. Seria interessante se nós tivéssemos contribuído com o debate”, lamentou.
No entanto, Sakuraba afirmou ser positiva a iniciativa municipal. “Estamos esperando um projeto desde 2008. Na gestão anterior, começou o processo licitatório e tentamos dar algumas pedaladas”, lembrou. Apesar disso, o advogado destacou que, sendo Fortaleza uma cidade majoritariamente plana, o PDCI deveria ter sido implantado há alguns anos.
Celso Sakuraba destacou que uma cidade em que apenas 26% dos ciclistas são mulheres mostra que muito ainda precisa melhorar. “Isso demonstra que as mulheres não se sentem seguras pedalando”, apontou. Ambientalista e assessor institucional da Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), João Saraiva destacou que “estamos meio dinossauros” quando o assunto é uso de bicicletas. Ele apontou que o grande desafio é fazer o motorista deixar o carro em casa.
O autor do requerimento para a audiência, vereador Evaldo Lima (PCdoB), comemorou o debate e avaliou que o PDCI precisa realmente passar por críticas.
Saiba mais
As primeiras estações de bicicletas compartilhadas estão sendo instaladas na Aldeota e no Meireles. Neste primeiro momento, serão instaladas 15 das 40 estações previstas. Cada uma terá dez bicicletas. A previsão é que as primeiras estações comecem a funcionar ainda este mês. Conforme a Prefeitura, Fortaleza tem 99,1 km de infraestrutura cicloviária: 75 km de ciclofaixas e 24,1 km de ciclovias. Vias com esses equipamentos serão priorizadas na implantação das bicicletas compartilhadas.
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