No Recife população gasta boa parte da jornada de trabalho no transporte público

Na capital pernambucana usuários ficam muito tempo nas paradas à espera dos ônibus e mais ainda dentro deles

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Fonte: TV Jornal  |  Autor: TV Jornal  |  Postado em: 26 de novembro de 2014

Usuários esperam longos períodos pela condução

Usuários esperam longos períodos pela condução

créditos: Reprodução TV Jornal

 

Já imaginou passar cinco horas por dia dentro de um transporte público? Essa é a realidade de muita gente que depende dos ônibus e metrôs para se locomover no Grande Recife. Para muitos, a solução para a demora e a superlotação é aumentar a frota desses serviços. Mas os especialistas não acham que esse é o caminho. Essa discussão é tema da segunda reportagem da série O Preço da Imobilidade.

 

Todos os dias, os dois milhões de pernambucanos que usam o transporte público no Grande Recife, enfrentam uma rotina desgastante. Passam muito tempo nas paradas à espera dos ônibus e muito tempo dentro deles também. Os usuários têm que suportar o calor e a superlotação. Com isso, é difícil encontrar alguém que use esse serviço por opção.

 

No meio dessa multidão está a empregada doméstica, Edna, que trabalha no Recife e mora em Camaragibe. Todos os dias ela passa quase 5 horas dentro de um transporte público. São 3 ônibus e 2 metrôs na ida e na volta do trabalho. Edna pega um ônibus de Boa Viagem para o Terminal Integrado Tancredo Neves. De lá pega um metrô para a Estação Joana Bezerra, depois o segundo metrô para Camaragibe e ainda mais dois ônibus para, finalmente, chegar em casa.

 

Uma rotina cara e cansativa. São R$ 223,60 gastos por mês em passagens. Quase um quarto do salário da empregada doméstica. Sem contar com as cinco horas perdidas por dia no deslocamento. Por semana, dá mais da metade da jornada de trabalho dela. Edna e os 380 mil passageiros do metrô no Grande Recife pagariam satisfeitos pelo serviço, se ele fosse melhor, menos sobrecarregado e desconfortável.

 

De acordo com o assessor de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Salvino Gomes, o metrô está em processo de expansão. Existe uma cota de energia que não pode ser ultrapassada, mas que está em negociação para ser ampliada. Com esse aumento, será possível colocar mais trens à disposição da população, fazer mais viagens e aumentar a frota nos horários de pico.

 

Se é difícil esperar por mais linhas de metrô, para os ônibus as previsões também não são boas. O Consórcio Grande Recife não acredita que aumentar a frota nas ruas resolveria o problema. Só aumentaria os engarrafamentos.

 

Para Nelson Meneses, presidente do Grande Recife, é preciso dar maior velocidade aos ônibus sem interferência do tráfico. Os coletivos precisam ter corredores exclusivos, por exemplo, para que eles saiam, façam seu percurso e consigam voltar no prazo certo. Duplicar ou triplicar a frota só iria aumentar o trânsito e deixar os usuários ainda mais irritados, de acordo com Evandro Avelar, Secretário das Cidades.

 

Em todo Grande Recife, hoje, são 394 linhas que fazem 26 mil viagens por dia. Números insuficientes pra quem só conta com esse transporte pra se deslocar. As passagens subiram 43% nos últimos 10 anos. Quem pega dois ônibus por dia, para ir e voltar de qualquer compromisso, na tarifa mais barata, gasta R$ 129 por mês. Uma despesa de quase 20% do salario minimo, que é de R$ 724.

 

O resultado é um transporte caro e de má qualidade. Para César Cavalcanti, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), é preciso rever a composição dos veículos que fazem o transporte de passageiros. Toda frota é feita com chassi de caminhão encarroçado como ônibus. Para dar mais conforto, é preciso transformá-los em transporte de pessoas.

 

Se sob rodas ou sob trilhos, se deslocar no Grande Recife não tem sido fácil, a alternativa para muitos é pedalar. A ideia para os dias de lazer, nos feriados e finais de semana, parece ter sido aprovada. Mas e no dia a dia? Dá pra pedalar com segurança nas ruas e avenidas onde não há faixas exclusivas para o ciclista? É o que você vai ver na terceira reportagem da série especial O Preço da Imobilidade, no Plantão da Cidade (7h) e no TV Jornal Meio-Dia (11h30).

 

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