Mobilidade não é igual a velocidade

Brasileiro ignora seus próprios limites. E mata, ou morre. Fique por dentro deste e de outros fatos lendo o editorial de número 138 do Mobilize

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 21 de novembro de 2014

Mural da GaleRio em estação do metrô carioca

Mural da GaleRio em estação do metrô carioca

créditos: Ricardo Cassiano| Fotos Públicas

 

O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de mortes provocadas por acidentes de trânsito. São cerca de 45 mil pessoas que perdem a vida a cada ano, o que resulta na taxa anual de 22,5 mortes por 100 mil habitantes. Como comparação, no Reino Unido a cifra gira em torno de 3 mortes por 100 mil habitantes. A estatística - vergonhosa - já é bem conhecida, mas não suas causas, como revela artigo assinado pelo médico Roberto Douglas, diretor da Abramet - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, que nesta semana passa a colaborar com o Mobilize Brasil.

 

Em seu texto, o especialista alerta para o problema da baixa consciência de risco que os motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas têm ao circular pelas ruas do país. Daí, certa irreverência quando se discutem fatores como álcool, drogas, uso do celular e excesso de velocidade. Enfim, ignorante de seus limites, o brasileiro se sente muito autoconfiante. E mata, ou morre.

 

Daí nosso aplauso à criação da primeira Zona 30 na cidade de Florianópolis, uma resposta da prefeitura à campanha iniciada pela Rede Vida no Trânsito há cerca de um mês.

 

Autoridades de Floripa explicam que a implantação do projeto Zona 30 também exige nova sinalização, "para que os condutores saibam que estão entrando em área de baixa velocidade, além de uma campanha de conscientização". O que se busca é uma certa cumplicidade social para o compartilhamento sadio dos espaços urbanos, entre carros, caminhões, ônibus, motos, pedestres, cadeirantes, ciclistas, skatistas e carrinhos de carga.

 

De qualquer forma, sinalização é mesmo fundamental, como afirma o engenheiro Frederico Viebig, em entrevista ao Mobilize, na qual defende os sinais - luminosos, sonoros e táteis - para atender aos 48 milhões de brasileiros que têm algum tipo de deficiência física. Ou intelectual.

 

Aliviar o acelerador também é uma ação positiva para reduzir as emissões de poluentes, como mostrou o relatório divulgado nesta semana pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa. O documento revela que as emissões de gases do Brasil voltaram a aumentar e cresceram 7,8% e 2013, passando de 1,5 bilhão de toneladas de CO2. Mais ainda, o relatório comprova que 80% da emissões do transporte de passageiros são geradas pelos automóveis, em geral ocupados por apenas uma pessoa. Pense nisso antes de ligar seu carro pela manhã.

 

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