Belo Horizonte é a próxima capital brasileira a receber o teste de um ônibus elétrico chinês. De acordo com a fabricante Build Your Dream (BYD), a avaliação será em dezembro ou janeiro de 2015, com o mesmo veículo usado em Brasília nos últimos três meses. São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba também já experimentaram a tecnologia, que promete redução de 80% no gasto com combustível frente aos modelos convencionais.
As três capitais descartaram a implantação da tecnologia. Os argumentos usados pelas prefeituras são o custo, a autonomia e a capacidade de passageiros. O valor de mercado do veículo é o dobro do que custa uma das 2.951 unidades comuns da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), representando 90% da frota em circulação. Enquanto os ônibus convencionais têm autonomia média diária de 700 km por dia, a do elétrico é de 250 km. Com 12 m de comprimento (similar ao convencional), este modelo de ônibus elétrico pode transportar, em média, 80 passageiros – dez a menos do que o comum.
O teste na capital mineira virá com atraso. Isso porque o veículo que seria avaliado no mês passado se envolveu em um acidente em Brasília. “A previsão é que entre dezembro e janeiro a gente consiga levar o ônibus para Belo Horizonte, mais provavelmente em janeiro, por conta do conserto e de testes a serem feitos”, disse o diretor de Marketing e Relacões Governamentais da BYD, Adalberto Maluf Filho, durante o 16º Etransport – Congresso Brasileiro sobre Mobilidade Urbana –, no Rio de Janeiro.
Fator ambiental
Mesmo com os pontos negativos, o quesito ambiental pode favorecer os elétricos. “Além de beneficiar o meio ambiente, o ônibus elétrico é silencioso. Apesar da troca de tecnologia demandar estudo de viabilidade, ela é necessária para um setor que só aumenta a emissão de gases”, observa o consultor de trânsito e transporte Francisco Magalhães da Rocha. Segundo ele, o veículo não enfrentará dificuldades de locomoção em trechos mais acentuados da malha urbana. “Ônibus elétricos em funcionamento em Belo Horizonte nas décadas de 50 e 60 subiam a rua da Bahia e a rua do Ouro.”
Para o professor Selênio Rocha Silva, do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais, ainda não há estimativa de investimentos necessários para que grande volume de veículos elétricos sejam carregados ao mesmo tempo. “Se as rotas foram tranquilas, sem muitas paradas e muitos trechos de subida, o gasto não será grande”, analisa.
Pelo mundo
Exemplos. O modelo 100% elétrico vem sendo testado, desde 2011, em diversas cidades pelo mundo, como Nova York (Estados Unidos), Bogotá (Colômbia), Londres (Inglaterra), Copenhague (Dinamarca) e Oranjestad (Aruba). A BYD quer verificar o comportamento do veículo sob as mais diferentes condições de trânsito, terreno e temperatura.
O veículo foi adotado oficialmente pela cidade de Senzhen, na China, que conta com frota de 2.000 ônibus. O modelo é o primeiro 100% elétrico produzido em massa no mundo e o único que usa baterias de fosfato de ferro, tecnologia exclusiva da BYD, considerada a mais limpa e segura.
A BHTrans confirmou que fará o teste com o ônibus elétrico na capital mineira, no entanto a empresa não informou a data e nem a linha em que ele será realizado.
Conheça o veículo
O ônibus elétrico tem as mesmas dimensões de um convencional, mas transporta um total de 80 passageiros – dez a menos que o comum. O motor é impulsionado por energia elétrica, que fica armazenada em baterias, recarregadas por meio de uma fonte de eletricidade fixa. Para os testes, são instalados capacitores para o recarregamento na garagem das empresas de ônibus.
Pontos positivos: Testes realizados em outras capitais brasileiras mostram que os veículos elétricos conseguem economizar cerca de 80% do combustível na comparação com os ônibus convencionais, movidos a diesel, além de serem silenciosos e de poluírem menos. A fabricante Build Your Dream afirma que não são emitidos poluentes.
Pontos negativos: O veículo pode custar cerca de R$ 800 mil, o dobro do convencional. Há ainda a baixa autonomia: o coletivo movido a eletricidade circula por no máximo 250 km por dia, enquanto o convencional circula por até 700 km diários. O espaço interno para os passageiros também é um ponto desfavorável, uma vez que o do modelo elétrico é 30% menor (parte do espaço é usado para acomodar a bateria). Ele precisa de manutenção especializada, o que encarece a operação.
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