Como é andar na Linha 1 do metrô do Rio de Janeiro?

Uma boa análise histórica da linha carioca e do comportamento de seus usuários

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Fonte: Via Trolebus  |  Autor: Jonatha Moreira  |  Postado em: 21 de outubro de 2014

MEtrô carioca

Metrô carioca

créditos: Via Trolebus

 

Não espere, no metrô do Rio, que as pessoas deixem livre o lado esquerdo da escada rolante para quem tem pressa. A relação que o carioca tem com o tempo é totalmente diferente. Para um paulistano ou londrino, esse comportamento poderia até parecer falta de educação. Talvez, com uma forte campanha educativa, isso poderia até mudar no futuro. Mas um conselho: não se irrite com isso, relaxe e não tente “educar” o carioca sobre esse comportamento.

 

Com essa pequena observação inicial, vamos falar mais sobre a Linha 1 do metrô do Rio de Janeiro. Para isso, é importante fazer um recuo histórico e entender o trajeto da linha e a sua própria relação com a cidade. As obras da Linha 1 começaram em 1970 e só em 1979 é que o trecho Glória-Central (posteriormente até a Praça Onze) foi entregue à população. Atualmente, a Linha 1 compreende o trecho Uruguai (Tijuca) a General Osório (Ipanema).

 

A Zona Sul é atendida parcialmente pela linha. Alguns especialistas defendem que a Linha 1 deva se tornar circular, fechando o anel com a expansão pelo maciço da Tijuca entre a futura estação Gávea e a Uruguai. Futuramente, a região poderá ser efetivamente atendida por metrô, caso o projeto de expansão da Linha 4 se concretize. Com isso, bairros como Humaitá e Laranjeiras também terão o metrô como opção de transporte.

 

Para o turista, a Linha 1 cumpre o seu papel, pois é possível acessar os principais pontos turísticos a partir do metrô. Para ir ao Cristo, basta desembarcar no Largo do Machado (e pegar integração até o Cosme Velho). Para o Pão de Açúcar, desembarcar em Botafogo e seguir para a Urca (é possível ir caminhando, mas também tem integração). Só em Copacabana, há três estações – Cardeal, Siqueira Campos e Cantagalo, fora a opção de ir para Ipanema também de metrô (General Osório).

 

Os trens que atendem a Linha 1 são os Mafersas, com seis vagões e máscara azul. Apesar de os carros da Linha 2 serem mais modernos, gosto do charme desses trens da Linha 1. Normalmente, os carros estão limpos e, próximo de datas comemorativas, cheios de publicidades. Uma tendência – já vi dois carros assim – é a disposição das cadeiras, dentro dos vagões, de maneira longitudinal, para deixar mais espaço para quem está em pé.

 

Os intervalos da Linha 1, no trecho não compartilhado com a Linha 2, entre General Osório-Botafogo e Central-Uruguai, podem chegar a 6-7 minutos. As paradas bruscas e a espera de liberação do tráfego à frente também é algo no dia a dia do metrô carioca. É raro fazer uma viagem sem você passe por essa experiência. Apesar de os condutores, educadamente (ou treinados), pedirem desculpas pelas paradas, é melhor se segurar firme para não ser arremessado para frente do vagão.

 

O sentimento do carioca em relação ao metrô – principalmente a Linha 1 – é de carinho e cuidado. Por atender bairros nobres da cidade, já ouvi várias pessoas dizerem que o metrô é pra “burguesia”, enquanto os trens (da Supervia) são associados às classes pobres. Tal pensamento apenas reforça estigmas e não contribui, por exemplo, para a revitalização deste modal de transporte (a Supervia tem 270 quilômetros de linha, com 102 estações).

 

O comportamento do carioca, no metrô, é diferente durante a semana e no fim de semana. É interessante ver os engravatados descendo na Cinelândia e Carioca para mais um dia de trabalho. Ao mesmo tempo, o fluxo de pessoas indo para Ipanema e Copacabana no fim de semana, trajando pouca roupa, caixas de isopor, e cadeiras de praia. Já em horário de rush, principalmente para quem embarca no metrô sentido Zona Norte, a superlotação e a falta de lugar para se segurar é um problema.

 

As estações do metrô da Linha 1 também são muito distintas entre si, refletindo, a época em que foram construídas, bem como a geografia dos lugares. As grandes cavernas e estações profundas de Copacabana e Ipanema contrastam com os modelos de concreto e rasas da Tijuca. O quesito de acessibilidade também é respeitado nas estações. Algumas já têm o serviço de internet gratuita (Uruguai, Cinelândia, Carioca, Uruguaiana, Presidente Vargas, Central e Maracanã ) e bicicletário.

 

Um aspecto que deve ser destacado na Linha 1 é que, não raro, a viagem será acompanhada por músicas. Artistas – principalmente imigrantes da América do Sul – fazem apresentações dentro dos vagões (apesar de ser proibido). Além de música, muitos também se dedicam a leituras de livros e jornais durante as viagens ou a conversas despretensiosas com amigos.

 

Na Linha 1, os anúncios de estações e informações são feitas em português e inglês, por uma voz feminina. Apesar de ter falhas no serviço de anúncio (algumas vezes, estações não são anunciadas), é interessante o esforço para atender a quantidade de turistas que usam o metrô do Rio. É importante destacar também que o metrô tem carros exclusivos para mulheres e que é possível embarcar com bicicleta depois das 21 horas. Atenção, não se esqueça: os bancos de cor laranja são reservados para pessoas com necessidades especiais, idosos, gestantes e mulheres com criança de colo. Boa viagem!

 

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