Londres inventou o metrô.
No começo, em 1863, os trens ainda eram a vapor, mas já em 1890 os primeiros carros elétricos circulavam pelos túneis do London Underground. São onze linhas, que percorrem mais de 400 km, com 268 estações. Agora a capital britânica anuncia que o "Tube" passará a funcionar 24 horas por dia, em cinco linhas, com trens a cada dez minutos. Mas, por enquanto, somente nos finais de semana.
Com a decisão, Londres passa a integrar o seleto rol de cidades - Nova York, Chicago e Berlim - com metrô dia e noite. Cariocas, gaúchos, paranaenses, paulistanos, mineiros, baianos e outros brasileiros que circulam à noite - por trabalho ou prazer - conhecem a dificuldade de encontrar transporte público durante a madrugada, tornando obrigatório o uso do táxi ou do carro particular. O metrô 24 horas é ainda um sonho distante para as cidades brasileiras, pela falta de rotas alternativas que permitam a manutenção noturna do sistema ferroviário sem sua paralisação total. E na maioria dos casos, sequer existe um metrô. Mas, por que não ônibus à noite, desde que garantida a necessária segurança a passageiros e funcionários?
A boa nova londrina nos chega exatamente ao final da Semana de Mobilidade Urbana, que culminou com o Dia Nacional sem Carro, em 22 de setembro. A data é simbólica e gerou centenas de reportagens sobre o tema, em praticamente toda a mídia nacional. Mas, ainda é tímida a adesão do brasileiro à proposta de deixar o carro em casa, pelo menos um dia por ano. Nas ruas, o que se viu foram as mesmas pistas repletas de carros, com grandes congestionamentos, acidentes de trânsito, muito ruído e fumaça, e pedestres, ciclistas e cadeirantes, além dos ônibus, tentando circular no meio dessa confusão.
A Semana coincidiu com a Conferência sobre Mudanças Climáticas, que reuniu lideranças mundiais na sede da ONU, em Nova York, para debater ações urgentes que permitam a redução das emissões de carbono na atmosfera. Do lado de fora, centenas de milhares de pessoas pressionavam as lideranças para uma rápida tomada de decisão sobre o tema, mas as negociações ainda devem seguir até o próximo round, em Paris-2015. De qualquer forma, já se sabe que o setor de transportes responde por 22% das emissões de efeito estufa relacionadas à energia em todo o mundo, especialmente pela queima de combustíveis-fósseis.
No Brasil, além de uma série de petições que circularam pela internet, a semana foi marcada pelo Manifesto por ruas mais humanas e sustentáveis, por uma cidade melhor, assinado por várias organizações, entre elas o Mobilize Brasil. Em São Paulo, os cicloativistas que já comemoravam a expansão da rede de ciclovias e ciclofaixas iniciaram a Campanha Adote uma Ponte, que pede a melhoria das condições de circulação de pedestres e ciclistas pelas pontes e viadutos da capital paulista. A iniciativa, que será estendida a outras cidades da Região Metropolitana, pede a adesão de voluntários para detectar problemas e sugerir melhorias nessas travessias urbanas.
Participe, Mobilize-se!