Um manifesto por cidades mais humanas

Organizações propõem manifesto em defesa das cidades: menos carros, mais espaços públicos, cidades para pessoas

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Fonte: Instituto Mobilidade Verde  |  Autor: Coletivo de Organizações por Cidades mais Humanas  |  Postado em: 19 de setembro de 2014

Manifesto pede por cidades para pessoas

Manifesto pede por cidades para pessoas

créditos: Fábio Arantes/Secom-SP


Nesta semana nacional de Mobilidade Urbana um grupo de coletivos de espaço públicos, urbanistas e organizações da sociedade civil estão assinando um Manifesto que exige ruas mais humanas e sustentáveis.

 

Segundo o ativista Lincoln Paiva, autor da iniciativa, trata-se de um posicionamento sobre a ocupação de espaços públicos, em sinergia com a implantação de ciclovias e melhorias nos passeios públicos, em busca de uma cidade mais humana.

 

Em São Paulo, o documento será entregue ao prefeito Fernando Haddad no dia 24 de setembro.


O Mobilize Brasil assina e apoia o Manifesto, reproduzido abaixo: 

 

Manifesto por ruas mais humanas e sustentáveis, por uma cidade melhor

Em 2008, a humanidade cruzou um limite histórico: pela primeira vez, mais pessoas passaram a viver em áreas urbanas do que rurais. Nos tornamos seres predominantemente urbanos. 


O que milhares de pesquisadores, urbanistas, coletivos, ONGs, artistas e cidadãos ao redor do globo estão tentando descobrir é: como construir cidades mais humanas e sustentáveis?


Se hoje a vida acontece nas cidades  – e não há como impedir seu crescimento –, será possível impedir o seu declínio? 


Até a segunda metade do século 20, criaram-se, em volta das cidades, áreas suburbanas com bairros distantes, de baixa densidade, mal servidos de transportes públicos e com fraco desenvolvimento social.


Esse modelo estimulou a demanda por deslocamentos de automóvel. Uma demanda muito superior ao que as cidades poderiam suportar. Aos poucos, as metrópoles foram se transformando em grandes estacionamentos de veículos particulares e as pessoas perderam a conexão com as ruas, o contato humano, encapsuladas em seus carros, respirando um ar de péssima qualidade.


Um dos grupos demográficos mais afetados por esse modelo foram as crianças, já que sua consciência cívica, ou a ausência dela, está estritamente vinculada com a experiência temporã do coletivo. 


A falência dessa matriz trouxe um novo conceito de desenvolvimento urbano, cada vez mais discutido em todo o mundo: o urbanismo caminhável, que cria novas centralidades e valoriza a curta distância entre moradia, trabalho, educação, saúde e lazer.


Uma organização urbana baseada em alta densidade, com diversos tipos de imóveis ligados por áreas de lazer, bem conectados por sistemas de transportes coletivos e alternativos não motorizados. Ou seja: as melhores cidades do mundo são aquelas cujos bairros dependem cada vez menos de transporte individual motorizado, com ruas arborizadas e fácil acesso a pé ou de bicicleta para os deslocamentos cotidianos. 


Desenvolver esses novos padrões é um desafio de todos: governo, empresas privadas, sociedade civil e universidades. Em São Paulo, chegamos ao ponto de mutação: um limite do qual não é mais possível voltar atrás. Temos de caminhar no sentido de uma cidade pensada para as pessoas, que reorganize seus espaços de modo a torná-los mais agradáveis e habitáveis, para propiciar melhor qualidade de vida.


Mas, para que as pessoas caminhem mais, é preciso criar melhores caminhos, bairros mais atrativos como investir em caminhos seguros, iluminados e com infraestrutura adequada para pedestres e ciclistas. É necessário estimular a população a ocupar ruas e praças e incentivar a formação de mais espaços de convivência. 


O conhecimento e a apropriação do espaço em que vivemos nos faz desenvolver pontos de referência e sentido de pertencimento. Viver ativamente a cidade promove uma atitude positiva e de respeito pelo espaço público – um espaço de aprendizagem e convívio para todos. Lutamos por ruas de escala humana, coletiva, criativas e com maiores oportunidades para todos. 


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