Desafio intermodal avalia meio de transporte mais eficiente em Maceió

Evento foi realizado nesta quinta-feira; motocicleta foi o meio mais ágil. Deficiente em ônibus adaptado foi a última desafiante a chegar ao destino

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Fonte: G1 AL  |  Autor: Natália Souza  |  Postado em: 18 de setembro de 2014

Participantes se concentraram na frente da sede do

Participantes se concentraram na frente da sede do Ibama

créditos: Natália Souza/G1

 

Transitar na capital alagoana durante os "famosos" horários do rush vem se tornando uma verdadeira missão, principalmente com o aumento crescente na frota de veículos, que já chega a 270 mil, segundo o Detran [Departamento de Trânsito de Alagoas]. Diariamente milhares de pessoas enfrentam longos engarrafamentos com carros, motocicletas, ônibus, entre outros veículos. Avaliar qual o meio de transporte mais eficiente nos horários de grande fluxo na cidade é a proposta do Desafio Intermodal de Maceió, que aconteceu nesta quinta-feira (18).

 

Nesta quarta edição do evento, que contou com a participação de 21 pessoas em 12 modalidades diferentes de transportes, o meio mais ágil foi a motocicleta e o mais "problemático" foi o ônibus adaptado para deficientes físicos. Todos os participantes saíram às 7h30 da sede do Ibama, no bairro do Farol e foram até a Praça dos Martírios, no Centro.

 

A diferença entre o primeiro colocado, o motociclista Anderson Colaço, que fez o percurso em 9m53s, para a última, a cadeirante Maria Cícera que foi de ônibus, totalizou 50 minutos. Além deles, participaram pessoas nas categorias skate, patins, a pé caminhando e a pé correndo, integração VLT [Veículo Leve sobre Trilhos] + ônibus, bicicleta + VLT, táxi, ônibus comum e carro. A regra era que todos tinham que respeitar as normas de trânsito e, principalmente, manter o respeito ao pedestre.

 

Participantes com skates, patins e a pé sofreram com desníveis de calçadas (Foto: Natália Souza/G1)Participantes de skates, patins e a pé sofreram com desníveis de calçadas (Foto:Natália Souza/G1)

 

Segundo o organizador do desafio, Daniel Moura, a importância do evento é chamar a atenção do poder público e da sociedade para a mobilidade urbana com outros tipos de modais além do carro. “Mostramos que há outras possibilidades eficientes, menos poluentes e mais econômicas de meios de transporte. Em um carro, às vezes só uma pessoa o ocupa, enquanto outros transporte de massa cabem mais gente. É importante que a prefeitura invista e dê atenção a esses transportes, e não só fique investindo em obras e adaptações para carros”, afirmou.

 

Pontos positivos e dificuldades

No critério de tempo, que foi cronometrado pelos voluntários Daniel Guimarães e Leonardo Aguiar, a colocação dos transportes foi: motocicleta (9m53s), bicicleta (10m02s), skate (17m47s), táxi (18m06s), patins (19m53s), ônibus (23m43s), corrida (30m45s), bicicleta + VLT (32m48s), carro (38m26s), caminhada (41m), ônibus + VLT (56m50s) e cadeirante em ônibus adaptado (59m22s).

 

Os motociclistas Jailson Alves e Anderson Colaço não tiveram do que reclamar. Já Maria Cícera, apesar do bom humor em encarar o desafio, mostrou-se insatisfeita com as dificuldades encontradas no percurso, principalmente em encontrar um ônibus que fosse adaptado para cadeira de rodas.

 

Cadeirante enfrentou ônibus lotado e longa espera na parada (Foto: Natália Souza/G1)Cadeirante enfrentou ônibus lotado e longa espera na parada (Foto: Natália Souza/G1)

 

"Demorei 40 minutos para pegar o ônibus, porque o primeiro que passou estava com o elevador quebrado. O segundo, motorista era bem legal e me ajudou, mas o coletivo estava tão lotado que eu me senti e uma lata de sardinha", disse ela que pegou o Pontal/Trapiche.

 

Faixa Azul

Ainda na modalidade ônibus, a diferença da edição deste ano para a anterior foi a implantação da Faixa Azul na Avenida Fernandes Lima. "Participei das quatro edições e amei esse ano com a faixa azul. Cheguei rapidinho, peguei o Ufal/Ipioca, e foi uma tranquilidade. O ônibus não ficava mais de um minuto nas paradas e não pegamos trânsito", afirmou Kátia Vassalo.

 

A participante Amanda Saôry, 18, que foi de táxi também destacou o uso da faixa azul. "Custou R$ 14,50 a corrida de táxi, mas é eficiente. Viemos pela faixa azul e foi rápido", disse. Já os participantes em automóveis particulares, Esmeralda Moura e Luiz Gustavo, reclamaram do alto estresse no trânsito.

 

"É muito desagradável. Pegamos uma colisão no caminho e houve congestionamento. Tem muito carro na rua, muito desrespeito, além disso para estacionar é difícil e tivemos que pagar R$ 5 no estacionamento aqui próximo à praça", falou os dois.

 

Skatista relatou problema com um taxista no meio do desafio (Foto: Natália Souza/G1)Skatista relatou problema com um taxista no meio do desafio (Foto: Natália Souza/G1)

 

Desníveis e falta de educação

Calçadas desniveladas e falta de educação de motoristas foram as principais reclamações dos participantes que optaram pela corrida e caminhada. "Nada é pensado no pedestre. Nos cruzamentos que não têm semáforo, o carro não deixa o pedestre passar. Tenho carro, mas prefiro sempre andar de bike e a pé para o trabalho, até porque sou bióloga e me importo com a questão da poluição. Só uso o carro para sair com meus filhos", relatou Deise Albuquerque, 34.

 

"Sou estudante de engenharia e costumo observar a questão de infraestrutura. Em Maceió, você tem que escalar as calçadas devido ao desnível. Ora eu corria pela pista, ora eu corria pela calçada. Os carros não param para o pedestre, isso é questão de cidadania. É difícil manter o ritmo", disse Hugo Tenório, que também participou da corrida.

 

"O ponto mais crítico é próximo ao elevado do Cepa. As condições do asfalto são muito ruins, cheios de elevações que não são muito sentidas por carros, mas com patins, sim. A Ladeira dos Martírios também é péssima, cheia de buracos", afirmou o patinador Diego Bayma.

 

Já o educador físico Pedro Ralado, que participou na categoria skate, relatou à reportagem do G1 que teve problemas com um taxista durante o percurso. "O taxista tirou dois finos de mim, ficou buzinando e falando palavrões. Até anotei a placa dele. No geral gostei, pensei que ia ser mais tenso, mas a falta de educação foi a pior parte", disse.

 

A integração ônibus + VLT também teve seus aspectos negativos, segundo a participante Vanessa Vassalo. "Demorei muito esperando ônibus, quase meia hora esperando o Circular 2. Depois corri para o bairro de Bebedouro e o VLT já estava lá na parada. Não precisei pagar a tarifa porque o veículo estava lotado. Chegando aqui no Centro, desci na Rua Cincinato Pinto e andei até a praça", afirmou.

 

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