Nesta quinta-feira (18/9), a Rede Nossa São Paulo e o Ibope lançaram os resultados da oitava edição da pesquisa sobre Mobilidade Urbana na capital paulista. O levantamento aborda os mais diversos aspectos da mobilidade em São Paulo, como o tempo gasto no trânsito, a frequência com que os paulistanos utilizam o transporte público, a satisfação com o transporte coletivo, o uso do carro etc.
De acordo com a pesquisa, a aprovação das faixas exclusivas para ônibus continua alta: 90% dos entrevistados se dizem favoráveis à “ampliação das faixas”.
Para 64% dos pesquisados, os governos devem dar mais atenção aos transportes públicos, sendo construção/ampliação de linhas do metrô ou trem (58%) e de corredores de ônibus (37%) as medidas mais urgentes para a melhoria da mobilidade urbana.
Além disso, aumentou de 86% para 88% o porcentual de paulistanos favoráveis à construção e ampliação de ciclovias na cidade.
O trânsito na cidade foi considerado “ruim” ou “péssimo” por 70% dos entrevistados. E o tempo total gasto no trânsito, incluindo todos os deslocamentos, ficou em 2h46.
Por outro lado, 71% dos entrevistados afirmaram que deixariam de usar o carro, caso houvesse uma boa alternativa de transporte.
Foram ouvidas 700 pessoas entre dos dias 29 de agosto e 3 de setembro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
Prefeito e secretários participam
O lançamento da pesquisa, no auditório do Sesc Consolação, na área cental, contou com a presença de personalidades como o prefeito Fernando Haddad e os secretários de transportes Jilmar Tatto (do município) e Jurandir Fernandes (do estado).
Ao abrir o evento, Haddad aproveitou para lamentar que sua gestão vem enfrentando dificuldades para "construir uma agenda suprapartidária": "Na área da mobilidade, por exemplo, não temos tido apoio da oposição para ações que priorizam o transporte público, o transporte não motorizado (caso das ciclovias), o plano diretor. Felizmente, a pesquisa divulgada hoje mostra que a população quer equilibrar o jogo a favor de modais sustentáveis, a favor do pedestre", declarou.
Já o secretário estadual de Transportes, Jurandir Fernandes, falou das obras de ampliação da rede metroferroviária, prometendo que nos próximos seis anos a cidade terá "outra fachada de mobilidade": "Vamos reverter o quadro de insatisfação hoje com o atendimento ao transporte público".
À saída, Fernandes ainda falou aos jornalistas, e disse que julga correta a política da prefeitura de construção de ciclovias na cidade: "No momento, ainda é um fato novo e nas áreas centrais é mais difícil, pois os espaços são mais disputados. Mas tenho certeza de que a adesão e o impacto serão ainda mais fortes na periferia, à medida que as vias para bicicleta forem se estendendo a essas partes da cidade".
Tanto Jilmar Tatto como Fernandes descartaram que, em suas respectivas áreas (ônibus e metrô), o aumento de tarifas para o transporte esteja atualmente em discussão.
Já quanto ao "passe livre", questão que teve a aprovação do paulistano na pesquisa, as visões dos dois secretários diferem: para Jurandir Fernandes, é inviável: "Basta pensar no custo do transporte, que chega a 14 bilhões de reais/ano. Quem financiaria o passe livre?", pergunta. Já Tatto considera que "existe sim essa possibilidade no futuro", e que universalizar o acesso ao transporte público um dia poderá ser algo a ser buscado. Mas também o secretário municipal entende que a questão está em saber "quem financia, qual seria a fonte de financiamento", já que, segundo ele, "só com o orçamento da prefeitura não dá".
Veja outras conclusões do levantamento:
- Aumentou em 10 pontos percentuais quem tem carro em casa – passou de 52%, em 2013, para 62%, em 2014. O acréscimo foi registrado em todas as faixas de renda, escolaridade e regiões da cidade;
- Também subiu de 27% para 38% o índice dos que utilizam o carro “todos os dias” e “quase todos os dias”;
- Respeito à faixa de pedestres: 52% acham que estão menos respeitadas (em 2013, eram 41%);
- Entre os usuários do carro, passou de 82% para 90% o indicador de favoráveis à aplicação de multas a quem para na faixa de pedestres. Também subiu de 36% para 43% o grupo dos que são favoráveis ao rodízio de dois dias. E aumentou de 86% para 88% os que são a favor da construção e ampliação de ciclovias;
- Parcela significativa dos entrevistados (41%) é favorável à implementação do passe livre para todos os usuários do transporte público em São Paulo;
- Sobre a qualidade de vida na cidade: passou de 61% para 66% o índice dos que consideram São Paulo um lugar “Bom” e “Ótimo” para morar. E de 13% para 18% os que acham um lugar “ótimo”;
- “Saúde” continua sendo o maior problema na cidade. Destaque para “abastecimento de água”, que passou do 18º lugar em 2013 para o 6º principal problema de São Paulo. Cabe destacar, ao longo da série histórica, a queda das menções ao desemprego como principal problema: ocupava o 2º lugar, em 2008, e está em 9º, em 2014;
- Poluição: aumentou de 11% para 18% o número de paulistanos que consideram a “poluição da água” como tipo de poluição mais grave na cidade. “Poluição do ar” continua como sendo a mais grave para 94% dos entrevistados. Chama a atenção, ainda, a ampliação de 8% para 21% dos que consideram a “falta de chuvas” responsável pela poluição do ar;
- Respeito no trânsito: ciclistas e motociclistas são “muito desrespeitados” ou “um pouco desrespeitados” na opinião de 80% dos entrevistados;
- Ônibus como alternativa ao carro: Em 2014, o aspecto mais favorável à atração de usuários refratários ao uso de ônibus é a diminuição do tempo de espera pela condução (para 28% dos que nunca utilizam o meio de transporte), seguida de mais linhas de ônibus que cubram percursos que não cobrem atualmente (para 26% dos que nunca utilizam ônibus). O item de avaliação mais crítica continua sendo a lotação dos ônibus.
- Os entrevistaram mencionaram “construção de ciclovias” (26%) e “mais segurança” (26%) como principais fatores para a utilização de bicicletas como meio de transporte.
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