Ao cruzar uma avenida larga como a Paulista, na região central de São Paulo, o pedestre se depara, ao meio da travessia, com uma ilha estreita. Pois é justamente ali, e sem sacrificar nenhuma faixa aos carros, que a Prefeitura sugere implantar uma ciclovia. A proposta foi anunciada anteontem (24) pelo secretário de Transportes Jilmar Tatto como parte do plano de construção de 400 km de ciclovias na cidade até 2015.
A ciclovia na Paulista é uma reivindicação antiga dos ciclistas, e importante para melhorar a mobilidade e segurança do grande contingente sobre duas rodas que utiliza a via. Talvez por isso, comentando a notícia, os cicloativistas não foram tão longe em criticar o modelo proposto, preferindo lembrar que estão em diálogo com a Prefeitura, e que o projeto ainda não foi fechado. O ponto criticado pelos cicloativistas é a disposição, ao centro, da futura ciclovia, e não à direita, como vêm sugerindo urbanistas e especialistas no assunto.
Melhor do lado direito
Na manhã de hoje (26), a rádio CBN SP conversou com o cicloativista Daniel Guth, diretor de participação da Ciclocidade - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo e consultor de mobilidade urbana.
Guth comentou a ampliação das ciclovias na capital paulista, em especial o anúncio da Prefeitura de construção da ciclovia na Paulista. Segundo ele, há vários modelos possíveis de configuração de uma ciclovia, dependendo do local onde é projetada. No meio da Paulista, não há como criar ali uma via expressa de bicicletas, como ocorre por exemplo na ciclovia da av. Eliseu de Almeida. O melhor seria, diz Guth, a ciclovia posicionada do lado direito da avenida, como uma sequência da calçada. Ouça a entrevista completa no site da CBN.
Também o cicloativista Willian Cruz, do site Vá de Bike, é de opinião que ciclovias à direita atenderiam melhor aos ciclistas, facilitando o acesso às lojas, por exemplo. Sua visão é a mesma de Guth: “O canteiro central é interessante quando a ciclovia é expressa, digamos assim, como a da Marginal do Pinheiros”, declarou ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele rebate também a ideia de construir ciclovias nas ruas paralelas. “Elas têm mais subida e descida e o deslocamento humano sempre busca o menor esforço. As pessoas continuariam usando a Paulista”, diz.
Por último, o Mobilize recebeu uma outra proposta de destinação para o canteiro central da Paulista, do leitor José Roberto Gomes Rocha. Ele diz: "Se a Prefeitura quiser fazer algo interessante nesse local já estreito, então que mande plantar árvores. Desde a última reforma há um déficit de 300 árvores na avenida". Bem lembrado.
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