Curitiba deixou R$ 1 bilhão em mobilidade para trás

Esse é o valor atualizado dos projetos de mobilidade previstos ainda na época da escolha do Brasil como sede do evento, mas que não foram para frente

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Fonte: Gazeta do Povo  |  Autor: Raphael Marchiori  |  Postado em: 03 de junho de 2014

Infográfico do legado da Copa em Curitiba

Infográfico do legado da Copa em Curitiba

créditos: Reprodução

 

Curitiba e região metropolitana poderiam ter recebido neste ano quase R$ 1 bilhão em investimentos em mobilidade urbana. Esse é o valor atualizado de projetos que foram abandonados pelo caminho, adiados ou diminuídos para serem entregues a tempo do Mundial. Sem contar o metrô, que chegou a ser prometido como legado da Copa, mas que ficará pronto apenas em 2019. Entre as obras mantidas na Matriz de Responsabilidades da Copa e que devem ser inauguradas até o início do evento, o investimento foi de R$ 418,5 milhões.


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Corredor Metropolitano responde por 70% do “legado perdido”

Levando em consideração apenas as obras incluídas na Matriz de Responsabilidades da Copa e que foram abandonadas ou não serão entregues a tempo, são R$ 748,2 milhões em valores atualizados. A maior parte desse montante se refere ao Corredor Metropolitano – os 79 quilômetros ligando Colombo, Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande e Araucária e que desafogariam o trânsito de Curitiba.

 

De acordo com o governo estadual, a corredor não saiu do papel porque o governo federal não autorizou uma revisão no orçamento – que cresceu mais de cinco vezes. O custo inicial teria sido subestimado pelo projeto básico, mas o estado ainda buscará novos recursos dentro da próxima chamada para o PAC Mobilidade.

 

Orçada em R$ 6 milhões, a alça da Avenida Salgado Filho também foi abandonada para a Copa. Ela integrava o pacote Vias de Integração Metropolitanas, mas as negociações para desapropriações levaram mais tempo do que o previsto pelo governo e, agora, a obra deve começar três meses depois da partida final no Maracanã.

 

Há também obras municipais, como a requalificação da Cândido de Abreu, cujo do projeto básico foi subestimado e, com isso, a contrapartida municipal passou de R$ 250 mil para R$ 24 milhões, e do Terminal Santa Cândida, que está em obras e tem um novo prazo para ser terminado: dezembro de 2014.

 

O dossiê Copa do Mundo e Violações de Direitos Hu­­­manos em Curitiba, do Comitê Popular da Copa – órgão coordenado pelo Instituto Ambiens de Educação, Pes­­quisa e Planejamento –, já havia mostrado que as obras mantidas no planejamento da Copa estão em um corredor de interesse do evento, diferentemente daquelas do planejamento inicial que, segundo palavras do próprio documento, tinham “repercussão metropolitana”.

 

Para Olga Lucia Firkowski, professora do departamento de Geografia da UFPR, houve uma inversão de prioridades. “As obras foram sendo retiradas do planejamento porque não ficariam prontas a tempo. Eram obras que davam sentido à mobilização de recursos, trariam ganhos para o conjunto da cidade”, crítica a especialista, que cita o projeto do metrô como exemplo dessa mudança. “Se me dissessem ‘a gente vai ter o metrô [com a Copa]’. Eu diria ‘então está bom’. Mas a autorização para o lançamento do edital foi esses dias. Aquilo não era verdadeiro.”

 

Uma das críticas do dossiê se refere à reforma da rodoviária, classificada como um “legado morto” em razão da localização do prédio no centro de Curitiba. “A Rodoviária realmente estava péssima, mas ela está numa área central. Está melhor hoje, mas a questão é: com que fôlego, por quanto tempo ela vai responder às demandas? Vivemos entre fazer remendos e pensar de forma mais arrojada no futuro”.

 

A prefeitura diz que o projeto do metrô avançou nesses últimos cinco anos – período entre a promessa de que ele ficaria pronto para a Copa e o pontapé inicial do evento. Segundo a gestão Gustavo Fruet (PDT), a proposta inicial tinha custos subestimados e agora há recursos garantidos para que ela saia do papel, além de uma modelagem de licitação que garantirá o compromisso do consórcio executor com os prazos estabelecidos. Quando da candidatura de Curitiba como sede da Copa, o metrô foi estimado em pouco mais de R$ 2 bilhões. Agora, estima-se que o trecho de 17,6 Km da primeira fase custará R$ 4,5 bilhões.

 

Sobre a reforma da rodoviária, a prefeitura disse que o projeto foi herdado da gestão anterior, mas que era necessário pela idade do prédio, da década de 1970. Apesar disso, a prefeitura diz que há discussões internas sobre a construção de um terminal fora da região central.

 

Colaborou Marcela Campos


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