Problemas de mobilidade urbana, que são graves no Rio, têm piorado com as recentes paralisações de trabalhadores.
A avaliação é do Rio Como Vamos (RCV), que lembra o conceito amplo de mobilidade: ela está diretamente ligada ao direito do cidadão de ir e vir com qualidade, o que inclui transportes coletivo e privado, ciclovias e circuitos a pé, não se limitando ao trânsito. Envolve também questões de saúde, segurança, educação e conservação da cidade.
Lançado há sete anos como um movimento de cariocas preocupados com a qualidade de vida de sua cidade, o RCV desde 2012 promove grupos de trabalho junto a empresas, sociedade civil e setor público para discutir o tema mobilidade. Nesses encontros, foi constatada a dificuldade de promover uma gestão integrada entre esses diferentes atores em torno de questões como planejamento urbano e uso apropriado do solo.
A conservação da cidade é outra questão. Mas o RCV enfatiza que manter a qualidade de ruas e calçadas depende não só do poder público e das concessionárias, mas também dos cidadãos.
Quando se traça um paralelo entre mobilidade urbana e saúde, o RCV mostra que, de 2012 para 2013, enquanto o total de mortes em acidentes de trânsito diminuiu quase 10% (de 689 para 619), o de feridos tem aumentado desde 2009: entre 2012 e 2013, teve crescimento de 5%.
Aula de trânsito nas escolas
Pesquisa de percepção do RCV indica que a qualidade dos transportes públicos piorou. O percentual de cariocas que deram nota baixa para o serviço passou de 18% para 44%, de 2011 para 2013. E a avaliação da qualidade dos transportes como boa ou muito boa caiu de 49% para 26%.
Outro ponto-chave da pesquisa diz respeito ao comportamento no trânsito. Para os cariocas, a disciplina deveria estar incluída no currículo escolar desde as primeiras séries. Dados do RCV, com base em números do Instituto Pereira Passos (IPP) e da Secretaria de Transportes, revelam que as multas aumentaram 14% entre 2012 e 2013.
A conservação de ruas e calçadas, por sua vez, pode ser avaliada pelas estatísticas da central de teleatendimento da prefeitura. De 2012 para 2013, o total de pedidos para fiscalização de veículos nas calçadas caiu de 42.570 para 21.462, e para reparo de buracos em vias diminuiu de 27.907 para 22.344. Já a remoção de resíduos em logradouros quase triplicou: de 12.242 para 32.567 pedidos. Isso mostra, avalia o RCV, que ações do poder público podem estar surtindo efeito.
Indicadores do RCV mostram ainda que, comparando-se 2008 com 2013, houve aumento de 27,6% no número de veículos licenciados na cidade, que tem uma frota ativa de 2,7 milhões.
Qualidade de vida: dez setores são avaliados
O Rio Como Vamos (RCV) avalia a qualidade de vida do carioca em dez áreas: saúde; transportes; educação; segurança pública; pobreza e desigualdade social; meio ambiente; lazer e esporte; saneamento básico; inclusão digital; trabalho, emprego e renda. Os dados são divulgados mensalmente no GLOBO e no site do Rio Como Vamos.
O RCV tem o apoio de: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Fecomércio, Associação Comercial, Observatório de Favelas, Iser, CDI, Cedaps, Idac, Ethos, Light, Instituto do Trabalho e Sociedade, Santander, Grupo Libra, Fundação Avina, Metrô Rio, UTE Norte Fluminense, KPMG, OnBus Digital, Instituto Invepar, The Climate Works e Vale.
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