Motoristas de ônibus em grandes cidades passam a maior parte do seu dia em um ambiente hostil. Conscientizá-los sobre seu papel em relação às bicicletas no trânsito é difícil, mas não impossível. Um exemplo está em iniciativas recentes como a da Itamaracá Transportes, no Recife, que após um acidente grave com um dos ônibus da linha pediu a consultoria da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) e lançou, no final de 2013, um plano pouco ortodoxo.
Os motoristas participam de um treinamento em bicicletas fixas, onde pedalam enquanto um colega passa com o ônibus em velocidade apropriada a 1,5 metro, o exigido pelo Código Brasileiro de Trânsito. Dado o bom exemplo, vem a parte ruim. O colega retorna com o ônibus e passa em alta velocidade, “tirando uma fina” do ciclista, e depois, de novo, buzinando.
Veja abaixo algumas cenas do treinamento.
“Nosso maior ganho foi despertar um sentimento de que o motorista é responsável pelo ciclista, de que ele é muito maior”, conta Lívia Amaral, gerente de RH da empresa. Dos mais de 500 motoristas da Itamaracá, 200 já foram treinados e os acidentes graves com ciclistas foram reduzidos a zero. O exemplo tem sido repetido em outras capitais, como Florianópolis e Porto Alegre, onde a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) pretende treinar 300 motoristas até o final do ano.
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