Que tal partir do Buritis e chegar em Confins sem sair do sistema de metrô de Belo Horizonte? Parece sonho, mas pode ser viável. Isso é o que mostra o projeto de mobilidade urbana feito pelo arquiteto belo-horizontino Renato Melo, em 2010, que transforma a malha metroviária da capital mineira dos atuais 28 km para nada menos que 224 km.
“Na verdade, eu acho que seria a malha mínima para o sistema de metrô de BH”, diz Renato Melo, sobre seu projeto, que conta com nove linhas e passa por todas as regiões da cidade. A ideia de criar esse sistema “futurista” para BH surgiu quando ele estava em Barcelona, na Espanha, que tem 11 linhas e 113 km de extensão. “Lá eu viajava bastante e tive a oportunidade de usar um sistema de transporte eficiente. A gente percebe que no Brasil não temos uma mobilidade urbana decente. O trânsito é caótico”, reclama o especialista.
Para chegar ao projeto da malha metroviária ideal para Belo Horizonte, o escritório de arquitetura de Renato Melo levou em conta a topografia da cidade e a densidade populacional de cada bairro. Além disso, eles ainda consideraram a necessidade de descolamento entre as regiões, seja para trabalhar, seja para comprar ou se divertir. “O usuário de carro particular só vai deixá-lo em casa quando perceber que o transporte público é mais eficiente e barato. Hoje, andar de moto é mais econômico que de ônibus”, afirma.
Questionada sobre a viabilidade desse projeto “dos sonhos”, a Metrominas, em nota enviada à Encontro, explica apenas que vem trabalhando com o sistema de três linhas para a cidade: a linha 1, de superfície, que já está em operação; a linha 2, de superfície, que vai ligar a região do Barreiro à linha 1, na estação Nova Suíça; e a linha 3, que será completamente subterrânea, e vai ligar a Savassi à linha 1, na estação Lagoinha. Com isso, a capital passaria a ter 44 km de rede de metrô. “Não houve nenhum contato oficial do responsável pelo trabalho do escritório de arquitetura com a Metrominas, para exposição das ideias contidas no documento”, finaliza a mensagem oficial.
Renato Melo, por sua vez, conta que chegou a apresentar seu projeto à prefeitura de Belo Horizonte. Mas ainda não obteve qualquer retorno. “Não precisa inventar a roda, é só pegar o exemplo de outras cidades que possuem um sistema metroviário que funciona. Paris, Barcelona, Nova Iorque, Berlim e Londres contam com metrôs muito bem consolidados. Claro que alguns deles são centenários, mas, justamente por isso, já devíamos ter começado bem antes”, conta o arquiteto. Confira os mapas dos sistemas de metrô de grandes cidades do mundo.
Construção da linha 3 do metrô é viável
Ele deixa claro que o projeto que foi apresentado ao órgão público não é executivo, e, portanto, demanda um estudo técnico de viabilidade, especialmente no que diz respeito ao terreno. Como ele mesmo explica, a capital tem um grande adensamento de prédios, que, somado às vias públicas mais estreitas, inviabiliza um sistema de transporte de massa de superfície, como o VLT (veículo leve sobre trilhos). “No momento estão falando sobre a linha 3, entre a Lagoinha e a Savassi, mas e o resto da malha metroviária? Isso faz parte de qual macroplanejamento?”, questiona o arquiteto.
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