O resultado do estudo de viabilidade técnica elaborado por técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e que aponta o modelo do traçado ideal para a ligação ferroviária entre os municípios mato-grossenses de Rondonópolis e Cuiabá (Ferrovia Senador Vicente Vuolo), revela um absurdo praticado pela gestão pública em se tratando de priorizar as demandas de infraestrutura de transporte no estado.
Entregue neste início de maio à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o estudo estima que este trecho de 230 km terá custo de R$ 1,4 bilhão. Praticamente o mesmo valor que o Governo do Estado está pagando pelo Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em fase de instalação em Cuiabá e que terá apenas 22 km.
O estudo de viabilidade do trecho da ferrovia entre Rondonópolis e Cuiabá elaborado pela universidade recebeu o aval do órgão nacional. Agora o traçado apresentado pela UFSC será submetido a audiências públicas e, se aprovado, deve ser licitado em 2015.
“O traçado que tem o menor custo e impacto ambiental é o traçado original, que chega a Cuiabá na região do Distrito Industrial. Agora estamos fechando o traçado Cuiabá-Sinop e Sinop-Santarém (Pará). A ideia é fazer um terminal ferroviário em Diamantino”, disse o presidente do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo.
A UFSC analisou, ainda, a viabilidade do transporte de passageiros no trecho. A conclusão foi que, se o custo de manutenção permanecer com a empresa que detiver a concessão do transporte de carga, o transporte de passageiros se torna viável.
O terminal intermodal de cargas de Rondonópolis foi inaugurado em setembro de 2013. Outros três terminais estão em operação no Estado – Alto Taquari (479 km ao sul de Cuiabá), Alto Araguaia (414 km ao sul) e Itiquira (357 km).
Após chegar a Cuiabá, a ferrovia (também conhecida como Ferronorte) deve ser expandida até Sinop, depois até Santarém (PA) e, posteriormente, a Porto Velho (RO).
Atualmente, o terminal da América Latina Logística (ALL), em Rondonópolis, está transportando cerca de 10 milhões de toneladas de grãos e outros produtos ao ano. Isso ainda significa uma capacidade ociosa de 5 milhões de toneladas; o limite de operação do terminal é a maior da América Latina.
Senador – A comparação entre os investimentos necessários para trazer os trilhos a Cuiabá e a obra do VLT também foram alvo de críticas esta semana por parte do senador Pedro Taques (PDT). “Imagine. O VLT são 22 km a R$ 1,4 bilhão. Para chegar o trilho de Rondonópolis até Cuiabá é R$ R$1,4 bilhão e são 230 km. Para duplicar de Rondonópolis até o Posto Gil, R$ 1,1 bilhão. É preciso escolher prioridades, porque estamos utilizando dinheiro público”, ponderou ele.
VLT só deve ficar pronto em 2016
O governador Silval Barbosa (PMDB), após garantir por diversas vezes que o VLT ficaria pronto para a Copa do Mundo, que acontece daqui a pouco mais de 30 dias, teve de assumir publicamente que o modal só deve ser concluído em 2016, como previu o professor Luiz Miguel de Miranda.
Os tapumes colocados ao longo das avenidas Tenente-Coronel Duarte (Prainha) e Estevão de Mendonça (CPA), em Cuiabá, já estão sendo retirados e o asfalto que havia sido quebrado está recebendo uma espécie de maquiagem, o que também deve ocorrer ao longo da Avenida da FEB, e no Aeroporto, em Várzea Grande.
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