Estacionamentos: vilões da mobilidade urbana

Além de ocupar espaço dentro dos centros urbanos, os estacionamentos estimulam o aumento da frota nas cidades. Quanto mais vagas, mais carro

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Fonte: Allianz*  |  Autor: Giulianna Aquarone  |  Postado em: 07 de maio de 2014

Os estacionamentos estimulam o aumento da frota na

Estacionamentos estimulam aumento da frota nas cidades

créditos: Shutterstock

 

Diversos especialistas são categóricos ao afirmar: o simples fato de procurar um estacionamento por várias horas já coloca em risco qualquer planejamento urbano. É uma verdadeira bola de neve: quanto mais vagas se criam, mais carro aparece.

 

Enquanto se procuram alternativas para melhorar a qualidade de vida dentro dos grandes centros, os estacionamentos se mostram como grandes vilões da mobilidade urbana, principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem as maiores frotas de automóveis do país.

 

Uma pesquisa realizada pela EY Consultoria aponta que, no centro expandido de São Paulo, existem vagas para 384 mil carros, dos 509 mil que vão para a região. Ou seja, os 125 mil motoristas que não conseguem estacionar passam mais tempo no trânsito procurando por vagas. O estudo alerta para o fato de que os estacionamentos deixaram de ser uma comodidade para se tornar um problema facilmente de ser entendido, que vem se repetindo nas grandes cidades: quanto maior a frota de veículos (São Paulo possui mais de 7 milhões), mais engarrafamento e mais horas no trânsito procurando por vagas. A pesquisa aponta ainda que esse déficit de 125 mil nos coloca atrás apenas de Madri, que ficou com o pior desempenho entre as metrópoles estrangeiras pesquisadas.

 

Além da escassez, outro problema é o custo. A mesma consultoria revela que estacionar em São Paulo pode custar em média R$ 12,00 a hora. A advogada Renata Gomes se desloca todos os dias para a região central da capital paulista e reclama dos preços cobrados pelos estabelecimentos. “Gasto por dia quase R$ 30,00 para estacionar meu carro, um verdadeiro descalabro”. Ela relata que, como precisa comparecer em audiências ou reuniões com clientes, na maioria das vezes em bairros distantes, opta por usar o veículo em vez de transporte público. “Sou obrigada a usar meu carro e gastar mais com estacionamento para não correr o risco de chegar atrasada [aos compromissos]”, afirma Gomes.

 

Estacionamentos inteligentes

Para diminuir esses aspectos negativos, algumas empresas já pensam em trazer para o país tecnologias mais eficientes, os chamados “estacionamentos inteligentes”.

 

Uma das soluções mais inovadoras – e que é reconhecida por muitos especialistas – foi a grande responsável pela melhoria na qualidade do trânsito da cidade americana de São Francisco. O sistema funciona com sensores magnéticos wireless, que são instalados em garagens espalhadas pela cidade. Esses dispositivos enviam para um comando central informações sobre disponibilidade de vagas, que imediatamente as retransmite para um website e um aplicativo de smartphone. Quando a demanda é muito grande em determinado momento, o preço também se torna elevado, desestimulando a procura dos motoristas.

 

Outro bom exemplo vindo de fora é o Ecoparq, da cidade do México, em funcionamento desde 2012. O sistema usa parquímetros multivagas para regular e precisar a disponibilidade dos estacionamentos. A operadora coleta o pagamento das tarifas e repassa para a prefeitura, que fica com 70% da receita e destina os outros 30% para projetos públicos. O objetivo é reduzir a circulação de automóvel, liberar espaço para pedestres e ciclistas, reduzir o congestionamento e oferecer melhores oportunidades de vagas para os motoristas.

 

Os mexicanos sofriam, até pouco tempo, com uma prática muito comum, que também vemos por aqui. Os flanelinhas – termo usado para guardadores informais de carros. Eles cobravam preços abusivos de motoristas em troca de vigiar seus veículos em vias públicas, o que nem sempre se concretizava. Somado a isso, a falta de fiscalização por parte das autoridades criou um ambiente caótico na capital mexicana. Por isso, com a construção de estabelecimentos e a implantação do sistema de parquímetro inteligente, a cidade do México recuperou o espaço público e melhorou a qualidade no trânsito.

 

Antes do Ecoparq, os mexicanos gastavam 8,72 milhões de horas por ano procurando vagas. Depois do sistema, gastam apenas 1,99 milhão. Esses números foram apresentados pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) e só ratificam por que o Ecoparq é um projeto bem-sucedido e que deve inspirar as grandes cidades brasileiras no combate aos vilões da mobilidade urbana. 

 

*Artigo de autoria da Allianz, reproduzido, em parceria, pelo Mobilize 

 

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