No final de maio, o sistema de aluguel de bicicletas públicas de Nova York, o Citi Bike, completará um ano de funcionamento, período suficiente para realizar as primeiras avaliações em relação ao seu uso.
E isto foi o que fizeram três pesquisadores das universidades de Columbia e Nova Yorkbuscando saber se os ciclistas que mais usam o sistema tem um convênio casual (diário ou semanal) ou anual, os horários em que se alugam mais bicicletas e quais são alguns dos locais mais trafegados da cidade.
A apenas seis meses após o início da implementação do sistema, este já somava 5 milhões de viagens realizadas por aqueles que realizaram um convênio anual, diário ou semanal. Contudo, a tendência observada é que a maioria dos usuários realmente ativos, cerca de 100 mil, pagou uma taxa de adesão anual por US$ 95 (sem os impostos) que lhes permite usar uma bicicleta em trajetos de até 45 minutos.
© NYCDOT, via Flickr
Ainda que o Citi Bike seja considerado um programa bem sucedido devido à grande quantidade de usuários, em termos econômicos o sucesso não é tão expressivo, o que tem posto em dúvida sua expansão.
Isso pode ser explicado por três fatores. O primeiro corresponde a que os passes anuais tem sido mais populares do que se esperava, ao contrário dos diários e semanais que tem um custo mais elevado.
O segundo se deve a que os custos com a manutenção das estações e com a resolução de problemas técnicos tem sido maiores do que se esperava.
O terceiro fator é que, como o programa não conta com recursos públicos - já que um dos compromissos é que não seria financiado pelos contribuintes – só pode recorrer a recursos privados. Porém a busca de novas empresas que invistam no sistema não tem sido fácil, em parte devido aos dois primeiros fatores. Se isto fosse revertido e houvesse mais investidores o Citi Bike poderia aumentar sua frota para até 10 mil bicicletas.
A seguinte animação realizada pelos pesquisadores Jeff Ferzoco e Sarah Kaufman do Centro Rudin para o Transporte da Universidade de Nova Iorque, juntamente com Juan Francisco Saldarriaga, membro do Laboratório de Projeto de Informação Espacial da Universidade de Columbia, mostra as adesões anuais versus as casuais: os pontos azuis representam os trajetos dos ciclistas anuais e os amarelos os que possuem um passe diário ou semanal (definidos como ciclistas casuais). A medição foi realizada a partir das 75 mil viagens feitas entre os dias 17 e 18 de setembro passado, datas escolhidas por serem dias úteis e com tempo agradável.
O vídeo não mostra as rotas exatas de cada ciclista, apenas demostra os trajetos em linha reta entre os lugares de início e término. Durante os dois dias, as bicicletas começaram a ser alugadas a partir das 05:30 da manhã, e entre as 07:00 e 10:00 da manhã (hora do rush), o sistema registrou mais de 800 bicicletas alugadas por ciclistas que contavam com um passe anual.
Após a hora do rush, percebe-se que apareceram poucos pontos amarelos, ou seja, ciclistas casuais, que se movem pelo Central Park, Manhattan e a ponte do Brooklyn. Entretanto, à tarde, a cidade volta a ficar cheia de pontos azuis – às 18:00 há mais de mil ciclistas nas ruas.
© aaronvandorn, via Flickr
Com estes números se conclui que os problemas financeiros do sistema se devem em grande parte a escolha dos cidadãos em fazer da bicicleta seu transporte diário, aderindo a um plano anual, que é a opção mais barata. Desta forma, o que se pode afirmar é que, economicamente, o sistema não foi tão rentável quanto se esperava, apesar de seu uso ter se mostrado um sucesso.
Via Plataforma Urbana. Tradução Arthur Stofella, ArchDaily Brasil.
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