Jovens lucram vendendo 'banho e estacionamento' para ciclistas em SP

Lojas oferecem também oficina mecânica e refeição para clientes. Serviços podem chegar a R$ 350 com revisões para a bicicleta

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Fonte: G1 São Paulo  |  Autor: G1 São Paulo  |  Postado em: 02 de maio de 2014

Rodrigo Conçalves deixou o emprego para investir n

Rodrigo deixou o emprego para investir no 'park and shower'

créditos: Caio Prestes/G1

 

Dois jovens empresários transformaram em oportunidade de negócios o aumento do número de pessoas que usam a bicicleta em São Paulo para ir ao trabalho. Em Pinheiros, na Zona Oeste, os idealizadores da Aro 27 Bike Café agrada clientes com "estacionamento e banho": oferece chuveiro, estacionamento, oficina mecânica, armário e restaurante. No Brooklin, o Dress Me Up também investe no "park and shower" incluindo pacotes com café na manhã.

 

Em Pinheiros, o proprietário Fábio Samori diz já ter recuperado o investimento de R$ 300 mil. “Inauguramos em julho e já tivemos o retorno. Veio mais rápido que o esperado. O restaurante puxou mais os lucros principalmente no começo, mas agora os clientes da bike já cresceram, então está se igualando”, contou.

 

“Temos vestiários masculinos e femininos, com chuveiros com aquecimento solar, monitoramento por câmeras, bicicletas têm seguro a partir da hora que entram aqui, oferecemos toalha limpa, sabonete cremoso, armários, chapinha e secador”, conta. Os pacotes vão de R$ 75 a R$ 308.

 

O local ainda possui uma biblioteca com foco em livros sobre ciclismo e organiza passeios ciclísticos mensais em todas as últimas quintas-feiras de cada mês.

 

Na Zona Sul, o Dress Me Up também oferece os serviços de estacionamento e banho. O pacote completo mensal, com chuveiro, estacionamento, café da manhã e revisão da bicicleta sai por R$ 350. O valor diário, sem a revisão, custa R$ 15.

 

O empreendimento fica próximo à estação Berrini da Linha 9-Esmeralda da CPTM e de grandes e importantes empresas de São Paulo. O empresário Rodrigo Gonçalves largou o emprego de economista para investir na ideia.

 

O local conta com oficina mecânica para os ciclistas (Foto: Caio Prestes/G1)O local conta com oficina mecânica para ciclistas
(Foto: Caio Prestes/G1)

 

“Tenho essa ideia há uns quatro anos. Peguei um trânsito de três horas e vi que não dava mais pra andar de carro em São Paulo. Peguei minha bicicleta, fiz uma revisão, e comecei a ir de bike, fazia em 15 minutos o trajeto. Eu tinha um lugar para estacionar, e para tomar banho”, contou o empresário.

 

Porém, segundo ele, ao trocar de emprego não tinha mais onde realizar essas atividades. “Depois comecei a trabalhar na (Avenida) Paulista, lá não tinha lugar para estacionar a bike nem para tomar banho. Comecei a sentir essa dificuldade e vi que outros ciclistas também têm essa dificuldade. Comecei a pensar que seria legal ter um espaço que seja estacionamento e chuveiro para atrair o ciclista”, disse.

 

O empreendimento, que foi inaugurado em 13 de abril e ainda não tem clientes mensalistas, conta ainda com venda de alimentos de reposição energética e acessórios para as bicicletas. O local é totalmente decorado com o tema da loja. O dono disse que investiu cerca de R$ 70 mil e que espera recuperar o valor em até quatro anos.

 

Ideia aprovada

Claudiney Tadeu da Silva, gerente financeiro de uma empresa de tecnologia que fica próxima ao Dress Me Up, disse que mora na Zona Norte e leva duas horas no trânsito para chegar ao trabalho.

 

“Já faz um tempo que venho buscando alternativas para sair desse stress. O transporte público não agradou. Pensei em ir de moto, mas não tenho muita segurança, tenho duas crianças e correria muito risco”, contou. “Aí eu conheci o Rodrigo por acaso, encontrei ele distribuindo panfletos e me interessei. Cheguei a ver academias, mas eles cobram a mensalidade toda de R$ 300 a R$ 400 só para eu tomar banho”.

 

Decoração do Dress me Up é focada em bicicletas (Foto: Caio Prestes/G1)Decoração do Dress me Up é focada em bicicletas.
(Foto: Caio Prestes/G1)

 

O gerente financeiro disse que agora, de bicicleta, vai levar metade do tempo. “Vou levar uma hora. Uma hora saindo da minha casa na Zona Norte e contando o banho lá na Dress Me Up”, informou. “Por enquanto estou usando uma consultoria dele [Rodrigo], sobre o melhor tipo de bike, iluminação frontal e traseira, acessórios, luva, capacete. Ele me ajudou a escolher o caminho também. Estou empolgado pra ir todos os dias, no começo vou uma ou duas vezes por semana para pegar forma, mas quero sim ir todos os dias”, disse.

 

Claudiney contou ainda que, em outros países, a situação é bem mais comum. “Já tive a oportunidade de ir pra Suíça, na matriz da minha empresa. O pessoal de lá pergunta por que eu não vou de bike quando eu conto que demoro duas horas. Para eles é normal andar 20, 30 quilômetros de bicicleta”, completou.

 

Estrutura cicloviária

Atualmente, São Paulo conta com 60,21 km de ciclovias (pistas exclusivas para bicicleta), 120,8 km de ciclofaixas de lazer (faixas da via destinadas aos ciclistas nos domingos e feriados), 3,3 km de ciclofaixa definitiva (como as de lazer, mas que funcionam todos os dias) e 58 km de rotas de bicicletas (ruas com sinalização especial, mas que ciclistas dividem com o tráfego geral), segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

 

Ainda segundo a companhia, a Prefeitura pretende implantar 400 km de infraestrutura cicloviária na cidade durante a atual gestão, com 150 km de ciclovias integradas aos corredores de ônibus que serão construídos na cidade.

 

Lustres também foram inspirados no tema da loja (Foto: Caio Prestes/G1)Lustres também foram inspirados no tema da loja (Foto: Caio Prestes/G1)

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