O Aeromóvel, único existente no País e que liga a estação Trensurb ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, zona Norte de Porto Alegre, começa a operar em período integral a partir desta quinta-feira, 1 de maio. A decisão foi confirmada nessa terça-feira (29) pelo diretor-presidente da estatal, Humberto Kasper, e gerência técnica do projeto.
O sistema seguirá a tabela horária da estatal, que administra o aeromóvel. Com isso, usuários poderão utilizar a ligação entre 5h e 23h20, incluindo fins de semana e feriados. A estação se ajustará ao funcionamento de todo o sistema Trensurb.
Kasper informou que oficializará a decisão na manhã desta quarta-feira (30), em reunião do conselho diretivo da estatal, a partir dos relatórios técnicos de testes que ocorrem desde a estreia em agosto do ano passado. “Da minha parte está decidido. Será dia 1 de maio”, afirmou o executivo, que foi um dos palestrantes do evento na Sociedade de Engenharia do RS (Sergs) sobre a cadeia de valor do sistema aeromóvel, nesta terça.
O pacote do transporte, incluindo a via (quase um quilômetro), os dois veículos (capacidade de 150 e 300 pessoas por viagem) e tecnologia, somou investimento de mais de R$ 40 milhões do governo federal. O aeromóvel foi desenvolvido por uma empresa de São Leopoldo e só operava em um parque em Jacarta, na Indonésia.
O modal estava na matriz de responsabilidades para a Copa do Mundo de 2014 e foi o primeiro compromisso entregue na Capital. Até hoje a ligação estava operando das 6h30 às 16h e apenas em dias úteis, em fase de testes do sistema e da operação do equipamento. “É assim com transporte de trens, e neste caso trata-se de uma tecnologia totalmente nova”, justificou o diretor-presidente.
Não há ainda data prevista para começo da cobrança da passagem a quem embarca no lado do Salgado Filho. O valor é de R$ 1,70, mesmo da Trensurb, e dará acesso a todo o transporte entre Capital e Novo Hamburgo, que somam 22 estações. Kasper acredita que na próxima semana será divulgada a data que começará a tarifação.
O tempo da travessia é de dois minutos. Na fase final de testes, o carro maior estava trafegando e continuará, mas os dois veículos operarão em rodízio. O intervalo é de 10 minutos e de 15 minutos, nos fins de semana. A ampliação de horário beneficiará principalmente passageiros que desembarcam de voos no fim do dia até a noite.
A projeção é que a operação integral seja elevada de uma média de 2 mil usuários por dia para 4 mil. O teto da demanda, projetado em estudos da área de Escola de Engenharia da Ufrgs, é de 7 mil passageiros diários.
Como a projeção foi feita em 2002 para 2013, antes da expansão do transporte da aviação comercial, o fluxo deve ser superado facilmente, aposta o gerente do Centro de Desenvolvimento Operações Aplicadas à Tecnologia Aeromóvel (Cedaer), Sidemar Francisco da Silva. Mais pesquisas devem ser feitas para traçar o perfil do usuário, destino e vantagens sobre outros meios de transporte.
O balanço de oito meses de funcionamento apontou que passaram pelo modal 301,1 mil pessoas em 14,3 mil viagens e total de 3,7 mil quilômetros percorridos. De uma média de 1,4 mil usuários por dia na estreia em regime reduzido (seis horas), a média saltou a 2 mil no período de 9,5 horas até hoje. “Mas o que mais chama a atenção é a economia de energia. O custo é de R$ 0,22 por passageiro”, computou Silva.
A Trensurb busca dominar o sistema e operação para transformar o conhecimento em serviço e repassar a outras ligações usando a funcionalidade. Também pleiteia recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolvimento de aplicações. Kasper adiantou que o Cedaer poderá dar origem no futuro a um braço da companhia.
O diretor-presidente espera que a área da estatal possa prestar serviço na implantação de novos aeromóveis, como o que está em estudo para Canoas (bairros Guajuviras e Mathias Velho) e o previsto para a Pucrs, sobre o Arroio Dilúvio, ligando as duas áreas do campus, situados em cada lado da avenida Ipiranga. A prefeitura de Canoas busca o Bndes para discutir o modelo de negócio, para atrair a iniciativa privada. “Podemos repassar know how”, explica.
O convênio entre Finep, Ufrgs, Pucrs e Aeromóvel Brasil terá contratação de projeto executivo. O projeto servirá para pesquisas sobre o transporte. O diretor industrial da T’Trans, que fabricou os veículos do aeromóvel em operação, Fernando Orsi, espera novas encomendas para ocupar a fábrica de materiais compósitos, matéria-prima dos carros, montada exclusivamente para atender ao modal.
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