Calçadas continuam esquecidas em SP

Mobilize checou as condições dos passeios no bairro empresarial da capital paulista. A situação é melhor do que a média brasileira, mas ainda longe de padrões civilizados

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha / Marcos de Sousa  |  Postado em: 18 de abril de 2014

Safári Urbano- Calçadas

Calçada na av. Marginal do Pinheiros: pedestre esquecido

créditos: Regina Rocha


As ruas da região da Berrini, área que abriga sedes de grandes corporações, na zona sul de São Paulo,  não são nenhum paraíso para quem caminha ou circula de cadeiras de rodas (veja Galeria de Fotos). Como o bairro é plano, os passeios têm poucos degraus entre um imóvel e outro, e de forma geral, a qualidade das calçadas da região é superior à média do encontrado nas cidades brasileiras, incluindo São Paulo. Mas há, também, muitos problemas de acessibilidade, segurança e de conforto para o pedestre, além dos riscos de saúde provocados pelo excesso de ruído e ar poluído.

 

A avaliação foi realizada nesta terça-feira (15), tomando como base os critérios do levantamento Calçadas do Brasil. A operação integrou o Safári Urbano organizado pelo Fit Cities São Paulo, evento que discutiu formas de melhorar a "saúde" nas cidades  brasileiras, em especial nas grandes capitais.

 


Mapa da região percorrida, o novíssimo centro empresarial de São Paulo

 

Sinalização e rampas

Os principais problemas detectados foram a quase ausência de semáforos de pedestres e a falta de manutenção nas rampas de acessibilidade. O sinais luminosos existem apenas nas proximidades da av. Luís Carlos Berrini, mas desaparecem no "miolo" do bairro, mesmo em vias de alto tráfego,  como a rua Padre Antonio José dos Santos. Toda as ruas da área são dotadas de rampas para cadeirantes, mas a maioria delas está cheia de fraturas que impedem a passagem de uma cadeira de rodas ou de um carrinho de bebê. Enfim, falta conservação.

 

Obstáculos

No meio das quadras, o pedestre enfrenta alguns estreitamentos gerados pelo mal posicionamento de postes, lixeiras e estacionamentos de carros. Nas esquinas, o excesso de postes - inclusive de sinalização - cria barreiras que atrapalham a passagem. Em alguns pontos, os caminhantes e cadeirantes são obrigados a "escapar" para a rua, com riscos sérios de atropelamentos.

 


Paisagismo

Um item considerado importante pelo conceito Active Cities é a presença de arborização, bancos de descanso e paisagismo, e neste aspecto, a região é muito heterogênea. Em algumas vias, os edifícios criam excelentes passeios, com ótima cobertura vegetal; em outros pontos, como alguns trechos da Marginal Pinheiros, o pedestre caminha pressionado entre a pista de alta velocidade e um muro árido, sob sol e chuva. E mesmo a parte mais residencial do bairro é completamente desprovida de arborização ou jardins.

 


Um raro bom exemplo de calçada, na rua Hans Oersted. Mais adiante, a rua pública é inexplicavelmente fechada por portões...

 

Piso e atmosfera

Ponto básico para caminhar com segurança, a regularidade do pavimento também está longe do ideal. Há trechos completamente destruídos por obras, tampas de bueiros desniveladas e mesmo alguns trechos com a calçada inclinada - rampas de entradas de carros - o que dificulta o equilíbrio do pedestre.

 

Mas além dos problemas aferidos nas calçadas, a região da Berrini tem uma atmosfera bastante agressiva, com altos níveis de ruído (em alguns casos acima de 70 dB) e o ar severamente contaminado por material particulado, 14 vezes acima do recomendado pela OMS, como atestou o pesquisador Marco Martins, do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da USP. Detalhes desse trabalho serão revelados nos próximos dias pelos especialistas que participaram do Safári Urbano: O Labaut FAUUSP, que trabalha com o conforto ambiental, a USP Cidades, e a organização Cidade Ativa.


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