Considerada a 'capital da bicicleta', Rio ainda tem muitos problemas em ciclovias

Ao todo, são mais de 1,5 milhão de viagens por dia nos 367 km de ciclovias e ciclofaixas. Os números são tão grandes quanto os problemas enfrentados pelos ciclistas

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Fonte: Extra  |  Autor: Roberta Hoertel  |  Postado em: 14 de abril de 2014

Repórter precisa desviar de ondulações na pista

Repórter precisa desviar de ondulações na pista

créditos: Bruno Gonzalez

 

Subir e descer verdadeiros degraus e desviar de postes e árvores em plena ciclovia. Contornar carros estacionados nas pistas exclusivas e verdadeiros lixões às suas margens. São situações vividas pelos cariocas que percorrem — ou tentam percorrer — sob duas rodas a “capital da bicicleta”, título ostentado pelo Rio por ter a maior malha cicloviária do Brasil e a segunda da América Latina. Teste feito pelo EXTRA em cinco bairros das zonas Norte e Oeste mostrou que o Rio ainda vai ter que pedalar muito pada fazer jus apelido.

 

Ao todo, são mais de 1,5 milhão de viagens por dia nos 367 km de ciclovias e ciclofaixas (pista sem demarcação física). Os números são tão grandes quanto os problemas enfrentados pelos ciclistas, que vêm deixando a magrela de lado para não correr riscos.

 

"Sempre fui para o trabalho de bicicleta. Mas não consigo mais", contou o vendedor Igor de Carvalho, de 34 anos, explicando que o corredor BRT Transoeste acabou com a antiga e a nova já está em estado precário: "Pelas outras que existem, não chegamos a lugar nenhum."

 

Em Santa Cruz, onde ele trabalha, as ciclovias não fazem ligação entre bairros. Em Paciência, o problema são as ondulações na pista.

 

"Já vi muito acidente. Passam no buraco e vão direto no poste", disse o mecânico Isaías Pittzer, de 34.

 

No Grajaú e na Praça Seca, as ciclofaixas e vias compartilhadas (pista dividida por bicicletas e carros), os ciclistas são desrespeitados pelos motoristas. Ainda mais após obras viárias que aumentaram o fluxo de automóveis.

 

"O jeito é ir pela calçada para não ser atropelado", contou o entregador João Pedro, de 47 anos.

 

Promessa de vistoria na pista

O leitor José Ricardo da Silva, de 44 anos, denunciou pelo WhatsApp o mau estado das ciclovias em Santa Cruz.

 

"A ciclovia aqui na Avenida João 23, está abandonada, suja e malconservada", escreveu.

 

Em Bangu, o EXTRA encontrou a ciclovia em melhores condições até Padre Miguel. Mas não escapa dos problemas: no meio do caminho, há uma grande rachadura.

 

A Secretaria municipal do Meio Ambiente, que implanta as ciclovias, informou que nos últimos quatro anos a malha cicloviária do Rio mais que dobrou. A meta é chegar a 450 km em 2016.

 

Em nota, a Secretaria de Conservação afirmou que faz serviços pontuais nas ciclovias e que está sendo licitado novo contrato de conservação das faixas. Confira a nota na íntegra:

 

“A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos realiza serviços de conservação pontuais nas ciclovias e ciclofaixas de toda a cidade. Os gerentes vistoriam trechos e programam serviços, assim como é feito nos passeios públicos e no asfaltamento. Neste momento, a secretaria encontra-se licitando um novo contrato de conservação de ciclovias, mas os serviços não deixam de ser realizados durante esse período. Sobre as ciclovias de Paciência e Santa Cruz, citadas por você, equipes farão vistorias nas duas faixas para ciclistas para identificar e reparar possíveis danos no asfalto ou ondulações.

 

É importante frisar que a Secretaria de Conservação é apenas a executora de serviços de manutenção da via. Projetos mais amplos de restauração não são feitos pela pasta. No início do ano, a Seconserva recuperou oito quilômetros da ciclovia da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, além da Estrada das Paineiras com uma sinalização específica para faixa compartilhada e adequação dos quebra-molas conforme solicitado por diversas associações de ciclistas. Aliás, a Secretaria de Conservação promove encontros periódicos com associações e ONGs ligadas ao esporte para conseguir atender e realizar intervenções que protejam cada vez mais os ciclistas.

 

O único e pontual caso de ciclovia que não é de responsabilidade da Secretaria de Conservação é o da ciclovia Mané Garrincha, trecho que será executado pelo Botafogo F.R., altura da Praia de Botafogo, e terá conservação do próprio clube, prevista em contrato.”

 

Já a Guarda Municipal, responsável pela fiscalização das vias, afirmou que constantemente multa veículos em ciclovias.

 

“A Guarda Municipal do Rio de Janeiro (GM-Rio) esclarece que atua constantemente para garantir o ordenamento do trânsito em toda a cidade. Esse trabalho inclui a coerção a flagrantes de irregularidades de trânsito, como o estacionamento irregular na ciclovia ou ciclofaixa. Em 2013, somente com palmtop, os guardas municipais aplicaram 1.607 multas a veículos flagrados cometendo essa infração, que é considerada grave, de acordo com o artigo 181, inciso VIII, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e tem penalidade de multa no valor de R$ 127,69, e medida administrativa de remoção do veículo. Os condutores ainda perdem cinco pontos na CNH.

 

A Guarda Municipal informa ainda que a população pode colaborar com a fiscalização, denunciando flagrantes desse tipo de irregularidade por meio da Central 1746, da Prefeitura do Rio, que funciona 24h.”

 

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