Esvaziada pela exclusão das obras que não serão concluídas a tempo para o Mundial e que, por isso, não podem ficar no PAC da Copa, a Matriz de Responsabilidades do evento está com apenas 31 obras de mobilidade urbana. Dessas, apenas uma — a Avenida Boulevard Arrudas, em Belo Horizonte — estará pronta antes de 12 de junho, quando Brasil e Croácia farão o jogo inaugural. Das restantes, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), quatro nem sequer saíram do papel.
A causa principal para os atrasos no prometido legado é simples: não houve planejamento adequado. Ontem, em audiência na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados para atualizar informações sobre os gastos da Copa, o presidente do TCU, Augusto Nardes, destacou que o desperdício de dinheiro público poderia ser evitado se outra postura fosse adotada no país.
“O que preocupa mais o tribunal é que nós (Brasil) continuamos com a improvisação. Se o Brasil não melhorar o planejamento em todas as esferas, nós jamais poderemos nos transformar em uma nação desenvolvida. Temos de acabar com a história do jeitinho brasileiro”, sustentou Nardes.
Economia
Ele relembrou que cerca de R$ 700 milhões foram economizados nas obras da Copa pela intervenção preventiva do TCU em situações que indicavam irregularidades. Desse montante, R$ 162,5 milhões são referentes à redução de custos nos trabalhos nos estádios Maracanã e Arena Amazonas. O presidente do tribunal, contudo, não divulgou quanto dos valores gastos no Mundial podem ter escapado da fiscalização prévia e terá de ser investigado por superfaturamento.
Durante a audiência, o deputado federal Romário (PSB/RJ) mencionou que o Tribunal de Contas do DF apontou indícios de R$ 431 milhões de superfaturamento apenas no Mané Garrincha, o que representa mais de 61% do valor economizado por ações do TCU. Os representantes do tribunal explicaram que o estádio de Brasília não tem recursos federais e que, por isso, só pode ser diretamente fiscalizado pela instância local. Contudo, reconheceram que o TCU pediu esclarecimentos oficialmente ao governo do Distrito Federal sobre o possível superfaturamento.
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