“Olha como isso vai”, reclamava o pintor de paredes Wanderlubi da Silva Félix, de 50 anos, que viajava espremido e em pé nos fundos do ônibus do BRT Transoeste que partia lotado da estação Pingo D’Água, em Guaratiba, na Zona Oeste, por volta das 7h desta segunda-feira. Os veículos já chegavam cheios e partiam lotados com passageiros em pé, espremidos como Wanderlubi, ou sentado em degraus. Duas estações depois, no Mato Alto, só com muito esforço e alguns empurrões outros usuários conseguem entrar. Para uns, o sofrimento começa do lado de fora da estação, na fila para a recarga do cartão do Bilhete Único Carioca, numa espera que pode chegar a 40 minutos.
"Se a pessoa não quiser chegar atrasada no trabalho tem que chegar aqui às 5h30m", se queixava o ajudante de pedreiro Fábio da Silva, de 29 anos, por volta de 6h30m.
Passageiros sofrem com longas filas
Ônibus articulados, vindos de Santa Cruz, já passavam superlotados nas estações intermediárias. Mal conseguiam fechar as portas. Na estação, as filas se multiplicavam. Duas para cada coletivo esperado: a dos que viajarão sentados e a dos que vão em pé, esta geralmente no dobro do tamanho da primeira. É a rotina de quem utiliza o BRT Transoeste, nos horários de pico, como o pintor de paredes.
"Já desisti de ir sentado. Para isso deveria chegar muito cedo", diz o morador de Pedra de Guaratiba, que vai de BRT até a estação Salvador Allende, no Recreio, e de lá pega o 758 (Recreio-Cascadura) até Madureira, onde fica seu trabalho.
Cada um se acomoda como pode. Luciene Conceição Ferreira, de 31 anos, por exemplo, encontrou um lugarzinho em cima do motor traseiro, de onde seguiria numa viagem, que segundo ela, poderia durar até uma hora e 40 minutos de Pedra de Guaratiba à Barra da Tijuca.
As filas são grandes também na Estação Mato Alto
"Se não for assim vou ficar esmagada no meio desse povo todo. O problema maior é quando está fazendo muito calor, já que o motor esquenta e o ar-condicionado não dá vazão."
O leitor Leandro Soares, morador de Santa Cruz, reclamou: "Não aguentamos mais essa falta de respeito."
Saindo de Santa Cruz, Eliene Batista da Silva, de 32 anos, teve de descer no Mato Alto, porque o ônibus quebrou. Ela temia perder a entrevista de emprego.
"O motorista disse que teríamos de descer, porque estava soltando fumaça."
Na segunda-feira, uma mulher foi atropelada pelo BRT na altura do Recreio.
Resposta do Consórcio BRT
Sobre as filas, o Consórcio esclareceu que “elas são organizadas de forma a ordenar o acesso dos passageiros ao interior dos veículos em condições de segurança e igualdade, evitando assim os abusos que deixavam mulheres, idosos e crianças sem assentos. Com relação à recarga, informou que além das bilheterias, as estações dispõem de máquinas de recarga que aceitam dinheiro e cartão de débito.
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