Por uma malha cicloviária de qualidade

Arquiteto vê como positivo o plano da prefeitura de Curitiba de fazer 300 km de ciclovias na cidade, mas alerta para a necessidade de planejamento e mudança cultural

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Fonte: Paranashop  |  Autor: Da redação / Mobilize (edição)  |  Postado em: 26 de março de 2014

Curitiba prevê 300 km de ciclovias construídas

Curitiba prevê 300 km de ciclovias construídas

créditos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

 

A iniciativa da prefeitura de Curitiba, que anunciou no ano passado a construção de 300 km de ciclovia, é algo positivo, mas ainda há muito a ser melhorado para que aconteça um paulatina troca do carro pela bicicleta. A opinião é do arquiteto Ricardo Alberti, do escritório de arquitetura Casacinco, para quem “o uso da bicicleta como meio de transporte tem fortes componentes culturais". 

 

Ele observa que "o brasileiro parece tender a encarar a bicicleta mais como instrumento de lazer do que como meio de transporte". E que por isso "é necessário haver um trabalho conjunto em duas frentes: na promoção de infraestrutura física adequada ao da bicicleta e no incentivo ao uso dessa forma de transporte, demonstrando ao usuário suas vantagens e benefícios”, analisa.

 

Infraestrutura e planejamento

Uma região carente em infraestrutura cicloviária em Curitiba é a área central, bem como suas conexões com os bairros, que são feitas, em grande parte, pelas avenidas Marechal Floriano Peixoto, Sete de Setembro, João Gualberto, República Argentina, entre outras. “Acredito que deveriam ser prioritárias ações no sentido de melhoria da mobilidade urbana nessas regiões. Com bom planejamento e emprego de modais adequados todo espaço pode ser adaptado”, diz Alberti.

 

“A região sul de Curitiba concentra a maior parte da população da capital e, entretanto, é insuficiente em termos de infraestrutura urbana. Existem também núcleos urbanos adensados, como Pinheirinho, Portão e Sítio Cercado, que merecem atenção extra”, lembra ainda o arquiteto.

 

Estações de apoio

Um dos estagiários do escritório Casacinco, Lucas Fuson, que cursa o último ano de Arquitetura e Urbanismo na UFPR, é ciclista e acompanha o andamento das políticas públicas de incentivo a este veículo como transporte. Além disso, desenvolve no trabalho de graduação um estudo sobre a criação de estações de apoio ao ciclista em Curitiba. 

 

Estas estações, diz Fuson, consistem em um equipamento urbano inserido em pontos estratégicos, que oferece diferentes serviços, como estacionamento, duchas, vestiário, oficina, lockers (guarda-volume), aluguel de bicicletas e loja de peças. O projeto parte de um módulo de 240 x 240 cm, de modo a se adaptar à demanda de cada ponto a ser implantado. Além destes serviços, permite que o usuário se conecte a diferentes modais de transporte, podendo fazer o trajeto desejado de forma mais eficiente, defende o estudante.

 

Já Alberti destaca que essas estruturas, que percebe serem um grande desejo da maior parte dos usuários de bikes, devem estar associadas a iniciativas de segurança pública para que seu uso seja incentivado. “Essas estações de apoio podem ser um bom instrumento de intermodalidade, para que, se necessário, o trajeto seja completado com o uso dos sistemas de transporte”, afirma.

 

Exemplos positivos e negativos

As cidades de Copenhague e Amsterdã são referências quando se fala em malha cicloviária de qualidade, com políticas públicas que incentivam este meio de transporte. Além destas, é possível citar Londres, Paris, Berlim, e até mesmo Nova Iorque. Na América do Sul são destaques em ciclomobilidade as cidades de Santiago e Buenos Aires.

 

Já no Brasil, um exemplo de insucesso é a cidade de Joinville, destaca Alberti. Motivada pela facilidade de aquisição do automóvel e pelo falta do incentivo ao uso da bicicleta, a população local vê atualmente a ex-capital nacional da bicicleta sofrer com os congestionamentos e falta de segurança para os que ainda se aventuram sobre duas rodas.

 

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