O Japão sempre foi um país que pedalou. Estima-se que haja mais de 86 milhões de magrelas num país cuja população é pouco maior que 128 milhões. Mas só recentemente os japoneses “acordaram” para o uso da bicicleta como modal de transporte. “Depois do grande terremoto, em 2011, houve um grande aumento do número de pessoas que passaram a usar a bicicleta, pois o transporte público ficou interrompido por semanas e muitas delas tinham de caminhar para casa. Foi daí que perceberam que na distância entre as suas casas e o trabalho dava perfeitamente para pedalar”, conta Byron Kidd, editor do site Tokyo by Bike.
Apesar do boom de bikes vivenciado pela cidade, Tóquio ainda tem muito trabalho a fazer, especialmente no que se refere à infraestrutura para a bicicleta. “Tóquio está começando a se dar conta de que não conseguirá sustentar um grande número de ciclistas se não se comprometer com infraestrutura. A que temos na cidade é muito irregular. Há poucas ciclofaixas, e a maioria dos ciclistas escolhe pedalar na calçada, o que não é legal. E a polícia rotineiramente fecha os olhos para isso porque ela mesma pedala na calçada.”
Esse é um dos grandes entraves ao uso da magrela na cidade. Pelas leis do país, bike é considerada veículo leve, portanto, tem de trafegar na rua. Por uma questão de segurança, uma mudança na lei, publicada em 1978, passou a permitir o trânsito em algumas calçadas (devidamente sinalizadas). O problema é que, por se sentirem mais seguros, os ciclistas passaram a dividir as calçadas com os pedestres. Resultado: na última década, o número de acidentes mais que quadruplicou. A maioria dos mortos era justamente quem deveria estar mais protegido: os idosos. “A polícia rotineiramente fecha os olhos para isso, pois eles mesmos pedalam ali. O mau comportamento dos ciclistas se enraizou por falta de policiamento”, diz Kidd.
Para uma metrópole com mais de 1 milhão de habitantes, os números de Tóquio impressionam. “Quatorze por cento de todas as viagens diárias são feitas por bike. O índice está entre os maiores do mundo, especialmente se compararmos com Londres, que tem uma taxa de 2%, e San Francisco, com 3%. A maioria dessas viagens tem, no máximo, 2 km. Como o transporte público é excelente, ele permite que as pessoas pedalem até a estação de trem mais próxima e peguem o trem para o trabalho. A bicicleta complementa o transporte público mais do que tenta substitui-lo.”
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