Capital do país com o maior número de ciclovias por habitante e por malha viária total, Rio Branco já projeta implantar mais vias exclusivas para o meio de transporte. A ideia é construir ao menos 15 km a mais até 2015. Hoje, são 59,5 km de ciclovia, o que representa 7,4% da malha viária total (803 km) – 1 km para cada 6 mil habitantes. Além disso, há 14,5 km de ciclofaixas.
Para quem adota a bike para se locomover na cidade, ainda são necessárias novas vias, mesmo com o alto índice comparado a outras cidades. O professor de geografia Paulo Pontes, de 42 anos, leciona em uma escola pública no 2º Distrito de Rio Branco e é ciclista por opção há dez anos. Ele diz que a escolha teve três fatores primordiais: não poluir o meio ambiente, utilizar um meio de transporte rápido e prezar pelo bem de sua saúde, já que é diabético.
O professor relata, no entanto, que a compra de um carro é sempre cobrada pelos amigos, e uma ideia rechaçada por ele com convicção. "Alguns até dizem: 'Paulo, você podia tirar um carro'. Mas um carro vai ser só mais um na cidade, poluindo. Então, como eu não quero isso, opto por ter uma bicicleta".
O professor de geografia Paulo Pontes em sua inseparável bicicleta (Foto: Tácita Muniz/G1)
Pontes percorre quase 9 km entre a rua em que mora no bairro Quinze até a Universidade Federal do Acre (Ufac), onde estuda no período da noite. Ele explica que o percurso de bicicleta leva de 25 a 30 minutos, dependendo da velocidade que aplica no trajeto. "De ônibus eu gasto em média uma hora e meia ou um pouco mais, sem contar o tempo de espera. Tenho experiência de pegar ônibus e no terminal, principalmente aos sábados, onde o número de veículos é reduzido, a gente passa mais de uma hora esperando", diz.
Mesmo com parte do percurso feito pelas ciclovias, Paulo acredita que o número não é suficiente para a quantidade de usuários da capital. "Nos falta ainda bastante espaço com relação às ciclovias. Temos um número muito reduzido na nossa cidade e na maioria das vezes os próprios carros nos atrapalham estacionando, invadindo. Infelizmente, como não temos uma fiscalização assídua, esses motoristas agem dessa forma justamente pela falta desta fiscalização", reclama.
Com anos utilizando o meio de transporte, Pontes diz que é necessário cautela ao encarar o trânsito, dividido entre carros e motos. "Quando estou pedalando, procuro ficar bastante atento em relação aos carros. Na verdade, os ciclistas acusam os motoristas de falta de respeito e vice-versa, mas esse respeito tem que partir de ambos, a partir do momento que um respeitar o espaço do outro, os acidentes com certeza irão diminuir bastante", avalia.
A companheira das viagens é a mesma desde que aceitou o desafio de cruzar a cidade em uma bicicleta. Com algumas peças já trocadas, Pontes compara sua bicicleta a um carro. "Estou pretendendo mudar agora neste ano, comprar uma mais moderna. Eu não acho a manutenção cara. É como um carro, você tem sempre que fazer a manutenção para que o meio de transporte dê o retorno que você deseja. Você tem que zelar pelo teu bem."
O editor de imagens Flávio Santos diz que andar de bicicleta economiza tempo (Foto: Tácita Muniz)
'Uso para quase tudo'
O editor de imagens Flávio Santos, de 40 anos, já teve moto, mas desde a adolescência usa a bicicleta como principal meio de transporte. Natural de Tarauacá (AC), município distante 400 km de Rio Branco, conhecido pelo uso maciço de bicicletas, ele explica que a paixão pela "magrela" começou como hobby.
"Desde os 16 anos gostava de juntar uma turma e passear de bicicleta. Depois que eu vim para Rio Branco, comprei uma moto, mas, devido o trânsito, o engarrafamento e uma série de fatores, eu optei pela bicicleta", diz.
Ele mora no bairro Floresta, em Rio Branco, e trabalha no Centro da cidade. Para fazer o percurso, Santos garante que o meio de transporte é o mais rápido. "Eu moro na Floresta, venho pelo Parque da Maternidade, tranquilo, não tem trânsito. E o detalhe mais importante é que chego primeiro do que quando venho de ônibus."
A bicicleta, diz, é usada para quase tudo: compras no supermercado, ir ao trabalho e até buscar a namorada para um passeio. "Ela tem moto, mas no fim de semana a gente deixa a moto dela em casa e vamos passear de bike", conta.
Investimento municipal
Segundo o diretor da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Rio Branco, Ricardo Torres, sempre que uma obra de infraestrutura viária é realizada, é previsto também o investimento no transporte não motorizado.
Torres diz que há um projeto de bicicletas públicas em curso, a exemplo do que ocorre em São Paulo e no Rio, para o estímulo do uso de bicicletas, especialmente perto dos polos de trânsito e terminais de ônibus.
Ciclovia na Avenida Ceará, em Rio Branco (Foto: Tácita Muniz/G1)
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