A dica veio do cololaborador do Mobilize, Uirá Lourenço, de Brasília-DF:
Em um debate ao vivo, na rádio CBN sobre mudanças no trânsito de Brasília, o diretor do DF Trans, Lúcio Lima, defendeu a priorização do transporte público sobre o automóvel privado como uma forma de requalificação do espaço urbano na capital federal do Brasil. Até aí tudo bem, mas o burocrata tropeçou feio ao responder a um ouvinte (Pedro) que perguntou se ele vai de ônibus para o trabalho.
“Não, não vou, ... em função da minha função, eu não venho de ônibus. Mas já andei muito de ônibus, durante mais de 15 anos. Fui rodoviário, e conheço o sistema há quase 30 anos. Então, acho que trabalhei para chegar (aqui) e espero que você (ouvinte) também, daqui a algum tempo, não precise mais andar de ônibus”.
Ante a gafe, o apresentador do programa, Estevão Damázio, interveio e tentou corrigir a declaração do representante do sistema de ônibus: “Você não pode falar isso, não. Tem que torcer para que o Pedro continue a andar de ônibus...a gente tem que torcer para que funcione. Se eu mandar ele andar de carro, vai ser mais um carro na rua. Eu tenho que torcer para o Pedro e todos nós andarmos de ônibus.”
No entanto, o diretor do DF Trans ainda insistiu: “... provavelmente ele gostaria de ter um carro para andar, mas não comprou porque ainda não teve condição..”
Comentário do Uirá Lourenço: "Adoro reportagem ao vivo, quando as pessoas podem dizer o que realmente pensam, e não o que são programadas para dizer. Nesses momentos, ficam mais claros os motivos da precariedade do transporte coletivo. Não bastam mudanças de infraestrutura; são fundamentais mudanças culturais. Compreende-se também o motivo de uma proposta absurda, como o estacionamento subterrâneo na Esplanada (para 10 mil carros em plena região central de Brasília), ser tratada com naturalidade pelos gestores públicos".
Ouça o áudio da entrevista no site da CBN
*Edição: Marcos de Sousa