Sonho acalentado pelos gaúchos há décadas, o metrô subterrâneo de Porto Alegre deverá ser confirmado oficialmente pelo governo federal no dia 14 de outubro. Em visita à Capital, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff pretende viajar ao Estado no próximo mês para formalizar a implantação do novo sistema de transporte. Conforme Negromonte, ainda que a data da cerimônia possa sofrer alteração, o recurso para a Capital estaria garantido.
O anúncio foi feito pelo ministro de maneira informal, pela manhã, ao governador Tarso Genro e ao prefeito da Capital, José Fortunati, durante o 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental realizado no Centro de Evento da Fiergs. O ministro sentou-se à mesma mesa do governador e do prefeito durante um painel, quando aproveitou a oportunidade para conversar sobre o assunto. Repassou a mesma informação para a colunista da RBS Carolina Bahia, que deu a notícia em primeira mão.
– Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte vão ganhar o metrô – garantiu à jornalista, em conversa por telefone.
A confirmação da obra colocará fim a anos de espera e meses de especulações sobre o destino do projeto. Depois de receber garantia do Ministério das Cidades de que contaria com R$ 1,58 bilhão para se somar a verbas de contrapartida de Estado, município e iniciativa privada e alcançar o custo de R$ 2,46 bilhões, o governo federal voltou atrás no começo do mês e sustentou que o projeto deveria ser revisto a fim de reduzir a quantia a ser repassada a fundo perdido pela União.
A Capital deve ser beneficiada com cerca de R$ 1 bilhão do Orçamento Geral da União. O excedente será buscado por Piratini e prefeitura por meio de empréstimo da Caixa Econômica Federal. O financiamento, dividido em partes iguais, tem carência de 48 a 72 meses, com juros de 5,5% ao ano.
Prefeito espera anúncio de Dilma para comemorar
Embora se diga “otimista” com o relato feito por Negromonte, o prefeito José Fortunati prefere aguardar uma confirmação oficial do Planalto antes de comemorar. Depois do encontro com o ministro, Fortunati ligou para Brasília a fim de confirmar a notícia e ouviu que a vinda de Dilma a Porto Alegre está incluída em uma “pré-agenda” para o dia 14 de outubro. Isso quer dizer que a viagem está prevista, mas ainda não confirmada de maneira oficial – o que, tradicionalmente, costuma ocorrer com cerca de uma semana de antecedência.
"Tenho a expectativa de que a presidente venha e anuncie o metrô, mas prefiro ser cauteloso. Mais de um ministro disse que o metrô estava garantido, e depois fui a Brasília e vi que não era bem assim. Se a obra não sai, quem fica com o ônus é o prefeito, não o ministro", argumenta Fortunati.
As idas e vindas do metrô
Confira alguns dos avanços e recuos do projeto para implantar os trilhos subterrâneos na Capital:
- 2002 – A Trensurb apresenta a versão final do seu projeto de engenharia para a chamada Linha 2
- 2003 – A Trensurb, a Metroplan e a EPTC dão início ao trabalho conjunto para expansão do sistema metroviário em Porto Alegre, durante o mandato do prefeito João Verle
- 2009 – Com o projeto de traçado alterado, a Trensurb busca na Copa de 2014 a chance de buscar recursos federais para o metrô. Em novembro, o governo federal comunica ao prefeito José Fogaça que não liberaria dinheiro, pois a obra não ficaria pronta a tempo dos jogos
- 2010 – No início do ano, o governo federal lança o PAC 2, reacendendo a esperança de Porto Alegre de contar com uma linha de metrô. Do investimento de mais de R$ 1 trilhão, a expectativa era de que R$ 2 bilhões fossem destinados às obras do metrô porto-alegrense- Maio de 2011 – Para concorrer às verbas bilionárias do chamado PAC da Mobilidade Urbana, a prefeitura reduz os custos e o torna mais competitivo. O governo federal assegura que o projeto será aprovado ao ver o orçamento de R$ 1,58 bilhão de recursos federais pedidos por Porto Alegre
- Julho de 2011 – No mês previsto para o anúncio oficial da liberação das verbas para o metrô, a data de lançamento do projeto é adiada para o mês seguinte. Em agosto, a data foi novamente postergada para setembro- Setembro de 2011 – Apesar de ter elogiado o projeto apenas quatro meses antes, o governo federal pede nova redução do valor pedido à União e dá um prazo inferior a uma semana para a reformulação do plano. Segundo o ministro das Cidades, Mário Negromonte, a reformulação foi aceita pelo governo federal, que deverá anunciar oficialmente a obra em 14 de outubro