Promover a inovação na mobilidade e na sustentabilidade do meio urbano, no período de 2014 até 2020, é a meta de um novo programa em desenvolvimento pela União Europeia (UE), denominado “smart, green and integrated transport”. O total do investimento previsto é 6,339 bilhões de euros.
É uma prática europeia consolidada a proposta de subsidiar o transporte. Mas, após várias experiências, ficou claro que o tema da mobilidade urbana necessita, além de medidas locais (mesmo acertadas como essa dos subsídios), de um claro e forte impulso central, que permita dotar as nações e as regiões do continente de mecanismos de financiamento estáveis e de políticas de orientação macro.
Um modelo de sucesso nessa linha é o projeto Civitas, definido após mais de 14 anos de investimentos locais de caráter inovador focados na mobilidade urbana. O modelo funda-se sobre 3 pilares:
1. testar soluções inovadores e replicar boas práticas;
2. investir em mecanismos de participação ativa da cidadania, sensibilização e informação para a mudança de hábitos (aqui definidas “soft mesures”);
3. envolver diretamente as cidades num debate amplo sobre a qualidade de vida e o futuro da mobilidade sustentável.
Horizonte 2020
Em dezembro do ano passado, foi lançado o novo quadro de financiamento para inovação, chamado Horizonte 2020, no âmbito da União Europeia. Foi a primeira grande candidatura da Comissão Europeia para projetos desta natureza.
O programa Horizonte 2020 deixa clara a aposta do continente europeu na mobilidade inovadora, capaz de gerar riqueza e melhor qualidade de vida.
Neste domínio, temáticas relevantes como a firme aposta na mobilidade elétrica são apresentadas como alternativa a longo prazo, na qual a tônica está: na possibilidade da integração e continuidade entre os modos; no suporte a sistemas urbanos de logística para otimização das cargas e desenvolvimento de soluções inteligentes low cost e de gestão descentralizadas; e também na aposta em sistemas de transporte público inovadores que, através de aplicações móveis e sistemas de “big data analysis”, permitam melhorar a relação entre procura e oferta, flexibilizando seus sistemas de operação para atrair sempre mais usuários.
Em todas as novas áreas de investimento e investigação, parecem haver temas específicos que voltam com mais frequência. É o caso da busca por uma inovação que possa ser incorporada em business models, social media com os big data. Também representa um interessante desafio de abordagem o tema da informação completa, com a consequente adaptação instantânea e contínua do sistema de mobilidade.
Este primeiro passo dado pelo Horizonte 2020 vai lançar, de forma forte e incisiva, temas que poderão realmente mudar a vida nas cidades europeias. É claro que todos os agentes de decisão deverão estar envolvidos permanentemente neste processo de inovação que deverá enriquecer a população atual e desenvolver novas (e ricas) economias da informação.
Resta a última e pertinente pergunta: Com tão grande investimento em inovação, a Europa poderá realmente assegurar (conforme mencionado no site da Comissão Europeia) a sua “liderança global no desenvolvimento da indústria europeia de transporte”?
*Cláudio Mantero é sênior transport manager em Portugal. Contato: claudiomantero@gmail.com e blog http://nossomospeoes.blogspot.pt/
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