A pouco mais de 100 dias da Copa do Mundo e diante do atraso no andamento das obras, o governo de Mato Grosso se comprometeu nesta terça-feira (25), perante o Tribunal de Contas do Estado (TCE), a entregar até maio pelo menos um trecho de aproximadamente 5 km de trilhos para funcionamento do metrô de superfície, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
O sistema de transporte está avaliado em R$ 1,477 bilhão e foi prometido para o evento mundial. O segmento de trilhos deve ligar o Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande (região metropolitana da capital), até a região portuária de Cuiabá.
O comprometimento com a entrega desta parte do projeto foi formalizado durante reunião entre conselheiros do TCE, representantes do governo estadual e das empreiteiras responsáveis pelas obras da Copa na capital mato-grossense. Uma comissão de conselheiros cobrou explicações para os atrasos que acometem praticamente todas as obras e requereu dados referentes aos aos cronogramas de avanço das obras e prazos de entrega. A intenção é voltar a avaliar o andamento dos trabalhos, apontando percentuais de conclusão - tal como foi feito em 2013.
Entre essas obras, a do VLT é a mais cara. Sua execução foi inserida na Matriz de Reponsabilidades assinada com a Fifa em setembro de 2011 e seu projeto prevê a instalação de 22 quilômetros de via permanente nas artérias da região metropolitana de Cuiabá, mas apenas neste início de fevereiro os trilhos começaram a ser instalados. O próprio TCE chegou a apontar atrasos de até sete meses no ritmo das obras. O prazo contratual de entrega é em março de 2014 e o próprio governo já admitiu que assinará um aditivo ao contrato para estender este prazo devido ao atraso já consolidado.
'Plano B'
Diante da impossibilidade de executar todo o projeto dentro do prazo, o governo se comprometeu com o TCE a viabilizar menos da metade da extensão de trilhos até o evento da Fifa, cuja primeira partida em Cuiabá está marcada para o dia 13 de junho. A Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e as empreiteiras do Consórcio VLT devem priorizar o trecho entre o aeroporto e o Porto em Cuiabá - cerca de um quinto do projeto original - para viabilizar o trânsito dos visitantes.
Ponte sobre o rio está sendo reforçada para receber o modal. (Foto: Edson Rodrigues / Secopa)
Assim, eles poderão, a partir do terminal aeroportuário, chegar à capital e então chegar à rede hoteleira e ao estádio Arena Pantanal.
Nessas condições, as intervenções do VLT em outros pontos da cidade deverão passar por adaptações e obras de urbanização, adiantou o presidente do TCE, Valdir Teis. “A parte visual, de todo o trajeto da Avenida da Prainha, Avenida do CPA – onde houve movimentação de terra, onde houve trabalhos executados – será restabelecida a urbanização disso tudo, por conta das empreiteiras”, explicou o conselheiro. Segundo o titular da Secopa, Maurício Guimarães, o intuito é garantir a “convivência” com as construções durante os dias da Copa do Mundo, suspendendo os trabalhos que porventura atrapalhem o fluxo de veículos e dispondo de tapumes em outros trechos para melhorar o aspecto estético dos locais.
“As obras que tenham impacto com a mobilidade e que não serão neste momento objeto de prioridade - como o canal da Prainha, como a Avenida do CPA – estão sendo preparadas para que a gente tenha a convivência durante o evento, que elas não impactem negativamente a realização do evento”, declarou o secretário. Por outro lado, ele afirmou que intervenções sem impacto na mobilidade da cidade continuarão em andamento, como os terminais do VLT nas regiões do CPA e do Coxipó.
Atrasos
Sobre os atrasos nas obras da Copa em Cuiabá, as empreiteiras também formalizaram ao TCE uma série de reclamações nesta terça-feira. Segundo Edgar Teodoro Borges, da empreiteira Agrimat e representante de todos os empreiteiros, as obras têm sido prejudicadas por pelo menos quatro fatores: o excesso de chuvas; as dificuldade do governo com as desapropriações de áreas necessárias; os atrasos em repasses de verbas federais para pagamento das empresas; e as dificuldades de trabalho junto às empresas de saneamento e energia da capital para a retirada de intervenções como encanamento de água e fiação elétrica.
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