O Butão, pequeno país montanhoso do Himalaia que popularizou o conceito de felicidade interna bruta, planeja substituir todos os seus carros convencionais por veículos mais ecológicos, movidos a eletricidade. Uma experiência que pode servir de vitrine para o resto do mundo.
Nesta quinta-feira (21), o primeiro-ministro Tshering Tobgay e o CEO da Nissan e da Renault, Carlos Ghosn, anunciaram um acordo entre o país e a montadora nipônica para trabalharem juntos em direção a esse objetivo.
Inicialmente, modelos do popular Nissan Leaf vão tomar o lugar da frota oficial do reino e dos táxis da capital e maior cidade do país, Thimphu. A parceria prevê a avaliação sobre o melhores lugares para instalar as redes de abastecimento no país.
Para uma próxima fase, o governo vislumbra acabar com impostos sobre vendas e taxas de importação de veículos verdes, para estimular a transição entre a população.
Segundo dados do Banco Mundial, em 2009, o Butão tinha 46 veículos de passageiros por 1.000 pessoas, o que significa que seus 742 mil cidadãos possuem cerca de 34 mil carros.
Esses números podem parecer irrelevantes para o mercado global de carros verdes, mas fato é que com a investida o Butão pode tornar-se um exemplo mundial.
Enquanto países maiores, como os Estados Unidos, se esquivam de compromissos que tornem os elétricos mais atrativos ao consumidor, o Butão sai na frente. E espera lucrar com isso.
Dependência externa
O governo argumenta que a medida vai economizar o dinheiro do país, no longo prazo, pois já não seria mais necessário importar combustível derivado do petróleo para abastecer a frota de carros.
Hoje, a maior fonte de renda do Butão vem da venda de energia elétrica, ou para ser mais específico, da energia produzida por sua maior hidrelétrica, Chhukha Hydel.
Quase toda a hidroeletricidade produzida lá é vendida para seu vizinho mais rico, a Índia. E quase todo o dinheiro da negociação é usado para pagar a importação de gasolina.
Consciência ambiental exemplar
Outro benefício direto da transição para os elétricos é a redução da poluição do ar, um problema crescente por lá. O Butão é o sétimo país com a pior qualidade do ar de uma lista com 178 nações, elaborada pelas universidades americanas de Yale e de Columbia.
No ranking, a qualidade do ar geral do país levou apenas 29,23 pontos de 100 possíveis. A avaliação pesou a exposição da população à poluição pelas chamadas PM2.5, partículas finas e inaláveis com diâmetro inferior a 2,5μm (micro-metros) que se instalam nos alvéolos pulmonares e bronquiolos no pulmão.
Adivinha qual a principal fonte dessa poluição? Sim, a queima de combustível fóssil pelos carros.
Com a medida, o país também avança no cumprimento de suas metas de redução de emissões de gases efeito estufa, vilões do aquecimento lobal.
A consciência ambiental deste pequeno reino surpreende. No ano passado, o Butão anunciou planos de torna-se a primeira nação com agricultura 100% orgânica. Baniu as vendas de pesticidas e herbicidas e passou a utilizar rejeitos de animais como fertilizante.
A agricultura, aliás, é a segunda fonte de renda do país, atrás da hidroeletricidade. Com a investida, a expectativa é que este pequeno reino se transforme num destino mundial de ecoturismo. Certamente, há muito o que se aprender por lá.
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