Dez carros elétricos e três micro-ônibus, todos movidos a eletricidade e com emissão zero de ruídos e de poluentes, serão apresentados no lançamento de um projeto de mobilidade e meio ambiente que acontece na noite de quarta-feira (12), no Parque Barigui, em Curitiba. Os veículos serão integrados à frota da Prefeitura de Curtiba.
A iniciativa faz parte do Curitiba Eco-elétrico, projeto da administração municipal em parceria com a Itaipu Binacional, a Aliança Renault-Nissan, e o Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA) de Portugal.
Os veículos serão cedidos em comodato pela Renault e Itaipu Binacional (Zoe – cinco unidades; Kangoo Z.E – três unidades, Twizy – duas unidades), todos sem custos para a Prefeitura. Os veículos serão destinados à Guarda Municipal, à Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e ao Instituto Curitiba de Turismo.
A proposta atende às diretrizes do Programa Mobilidade Urbana Sustentável do Município, que prevê a implantação de modais de nova geração, com baixo impacto ambiental. É também uma das primeiras ações da capital paranaense para cumprir as recomendações do termo de compromisso para a redução das emissões de gases e de riscos climáticos, assinado pelo prefeito Gustavo Fruet, durante o C 40, em Johanesburgo, África do Sul, na semana passada. “A cidade cresce e precisa sempre se reinventar, precisa de novas tecnologias para o transporte, com redução dos impactos sociais e ambientais”, disse o prefeito Gustavo Fruet.
Eco-elétrico
O Curitiba Eco-elétrico será desenvolvido em quatro fases, entre 2014 e 2020. Na Prefeitura de Curitiba, o projeto é coordenado pela vice-prefeita e secretária do Trabalho e emprego, Mirian Gonçalves, e envolve a Urbs, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) entre outras secretarias. “O projeto é inédito no país em sua dimensão e Curitiba se diferencia ao utilizar um modal sustentável para o atendimento das demandas internas”, explica Mirian Gonçalves.
A primeira fase está sendo implantada com foco nos serviços da Prefeitura, em especial aproveitando a oportunidade dos jogos da Copa do Mundo FIFA 2014.
A Guarda Municipal utilizará os carros para ronda e patrulhamento nos parques da cidade, no zoológico e ainda como módulo móvel que circulará pelas praças. Já a Setran deve utilizá-los em seu programa de educação no trânsito e também como suporte às atividades de seus agentes. O Instituto Curitiba de Turismo irá destinar os veículos para um Centro de Informações Turísticas Móvel que transitará em locais estratégicos de grande aglomeração de turistas como Arena da Baixada, intermediações das Fanfest e polo hoteleiro. Outro objetivo é dar suporte às atividades recreativas e culturais.
Parceiros
No Brasil, a Itaipu Binacional é considerada a principal referência na área de mobilidade elétrica. Desde 2006, a empresa desenvolve, em parceria com a companhia suíça KWO, o Programa Veículo Elétrico (VE), que tem o objetivo de promover estudos e viabilizar a aplicação da nova tecnologia. Apesar do pouco tempo, os resultados são expressivos. Em sete anos, saíram do centro de pesquisa de Itaipu mais de 80 protótipos, entre carros de passeio, caminhão, miniônibus e um utilitário 4×4, todos com motor 100% elétrico.
A usina também faz estudos para desenvolver uma nova bateria de sódio, totalmente reciclável, adaptada ao clima e às condições do País. Outras linhas de pesquisa são o primeiro Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) com motor elétrico e o primeiro avião elétrico do País. O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, destacou que a nova tecnologia é mais limpa, mais eficiente e muito mais econômica na comparação com os veículos convencionais à combustão. “O carro elétrico representa o futuro da mobilidade”, disse. Ainda segundo Samek, o Brasil tem uma vantagem adicional em relação aos outros países: a matriz energética baseada na hidreletricidade. Lá fora, para recarregar a bateria do veículo elétrico, a energia que sai da tomada muitas vezes foi produzida a partir de fontes sujas, baseadas em combustíveis fósseis. “No Brasil, nós temos uma matriz energética limpa e renovável.”
A Aliança Renault-Nissan lidera o segmento de veículos zero emissão e investe 4 bilhões de euros no desenvolvimento dessa tecnologia. Desde o início da comercialização foram mais de 100 mil veículos elétricos vendidos pela Aliança no mundo. A Renault, a qual o desenvolvimento em eficiência energética está no DNA da marca, oferece a gama Z.E. (Zero Emissão) composta por 3 modelos: Renault Zoe, Renault Twizy e Renault Kangoo Z.E.Os veículos zero emissão estão cada vez mais presentes no dia a dia das grandes cidades e serão tendência no futuro. “Acreditamos que o futuro da mobilidade passa, necessariamente, por veículos zero emissão”, afirmou Olivier Murguet, presidente da Renault do Brasil.
O CEIIA é um centro de inovação e engenharia que pesquisa, desenvolve, testa e apoia a industrialização de soluções de mobilidade inteligente. “Esta iniciativa é inédita, pois é a primeira vez que se combina a mobilidade física com a mobilidade de informação assente em suportes energéticos de base sustentável, permitindo, assim pela integração de todos serviços de mobilidade de uma cidade, olhar a mobilidade como uma utility”, afirma o presidente executivo do CEIIA José Rui Felizardo.
Outras fases do projeto
Na primeira fase, serão implantados 12 eletropostos (totens) de abastecimento em quatro locais considerados estratégicos para os órgãos da PMC envolvidos: rodoferroviária, Secretária Municipal de Abastecimento, Parque Barigui e Parque Tanguá.
Estão definidos dois sistemas de abastecimento com cargas de 30 minutos a oito horas. A autonomia varia de acordo com o modelo do veículo. Com a bateria totalmente carregada, o Renault Zoe tem autonomia de 210 Km; o Renault Kangoo Z.E. 125 Km e o Renault Twizy 100 Km.
Já os micro-ônibus possuem uma autonomia prevista de 100 Km, quando totalmente abastecidos. O eletroposto consiste em uma estrutura com um cabo que é conectado ao veículo para recarga.
Para a segunda fase do projeto (2015-2017), estão previstos totens de abastecimento multifuncionais que devem agregar em um único equipamento serviços de recarga, cartão transporte, recarga dos veículos, parquímetro (estar), câmera de monitoramento, botão de emergência, informações turísticas, bicicletas compartilhadas, wi-fi institucional. Também há a previsão de estudos para implantar soluções de compartilhamento (sharing) de carros e bicicletas, inicialmente voltadas para o mercado corporativo e a serviços de interesse público. As próximas etapas (2018 – 2020) estabelecem estudos de integração aos diversos serviços de transporte público.
Em todo o país, segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), são aproximadamente 1000 veículos. Nas prefeituras, o seu uso é ainda escasso, o que coloca Curitiba à frente no projeto de mobilidade sustentável direcionado ao atendimento das demandas internas de sua administração. Conforme dados municipais, a prefeitura de Campinas possui seis carros elétricos à sua disposição; Sorocaba um híbrido (elétrico-combustível); Búzios também apenas um. O Brasil apresenta uma frota ainda pouco significativa de veículos elétricos quando comparado a outros países como Estados Unidos e China. Em todo o mundo, circulam mais de sete milhões de veículos elétricos, conforme a ABVE.
Endereços dos locais de recarga – 1ª fase:
1. Secretaria Municipal de Administração – SMAD
Rua Solimões, 160 – 1º andar , Alto São Francisco
2. Módulo da Guarda Municipal – IV – Parque Barigui
Avenida Cândido Hartmann, 2500 , Santo Inácio Curitiba – PR
3. Rodoferroviária
Av. Presidente Afonso Camargo, 330 – Jardim Botânico
4. Parque Tanguá – Rua Osvaldo Maciel s/nº – Pilarzinho
Leia também:
No PR, município licita empresa para elaborar Plano de Mobilidade
Metrô de Curitiba vai ter estudo complementar de impacto ambiental
Metrô de Curitiba: TCE cria comissão para fiscalizar obra