Em outubro passado, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) apresentou um relatório onde se afirma que, em 2050, haverá 2,1 bilhões de carros no mundo, 1,275 bilhão a mais do que os registrados em 2010.
Tendo em conta esta previsão, “há que transformar radicalmente a estrutura cultural que dá vida às cidades, pois nelas está o futuro, afirma Miguel Ángel Julio, antropólogo e diretor do Gabinete de Participação, Educação e Localidades do Departamento Distrital do Meio Ambiente, de Bogotá, Colômbia. "Não podemos continuar a construir cidades para os veículos, necessitamos de cidades para os seres humanos”, completa Ángel.
Exatamente por isso, cada vez mais pessoas se juntam às “caravanas de bicicletas” estudantis, um projecto de mobilidade alternativa criado por um grupo de estudantes da Universidade dos Andes, na capital colombiana.
A iniciativa é corroborada por Andrés Vergara, Juan Manuel Prada e Juan Camilo Farfán, três estudantes da Universidade dos Andes, que, desde setembro de 2010, promovem o projeto de mobilidade “Nos Andes em bicicleta”. e que agora organizam a Semana sem Carro na capital do país.
Uma estudo realizado pelo Grupo de Estudos em Sustentabilidade Urbana e Regional (SUR), da Faculdade de Engenharia Civil e Ambiental dos Andes, determinou as razões pelas quais a comunidade universitária evita utilizar a bicicleta: "Insegurança, falta de conhecimento dos trajetos, medo de sofrer acidentes, falta de tempo, poluição do ambiente e o temor de chegar cansados às atividades são as principais desculpas para não utilizarem a bicicleta em suas viagens diárias”, explica Juan Manuel Prada.
Uma vez concluído e divulgado o estudo, surgiram várias iniciativas de mobilidade estudantil, como o carpooling (dar carona, compartilhar o carro), e ações para estimular os estudantes a utilizar a bicicleta como meio de transporte alternativo. Neste contexto surgiram as “caravanas de bicicletas”, ou seja, passeios de bicicleta aos quais estudantes, professores, pessoal administrativo e o reitor da faculdade foram aderindo, com o objectivo de melhorar a mobilidade dentro e fora do campus da universidade.
“Não é preciso ser um ciclista profissional ou ter um longa trajetória desportiva. Uma bicicleta e um capacete são suficientes para começar [a pedalar]”, afirma Farfán.
Mas esta não é a única iniciativa de mobilidade estudantil existente na Colômbia. Universidades como a de Antioquia, com o projecto “En Cicla”, a de Jorge Tadeo, como o grupo estudantil “Bicicultura Tadeísta”, e a Javeriana, através do programa “Na Javeriana em bicicleta”, também procuram promover a utilização da bicicleta nos estabelecimentos de ensino. “É importante olhar a forma como os processos de aprendizagem estão surgindo em torno do uso da bicicleta, que não é apenas um meio de transporte, mas uma grande ferramenta para a educação ambiental”, disse Miguel Angel Julio.
Saiba mais na página “Nos Andes em bicicleta” (www.facebook.com/BiciAndes)