Sem bancos em praças e avenidas, paulistanos sentam em canteiros e escadarias

Quem quiser parar e descansar um pouquinho na avenida Paulista não vai esperar sentado

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Letícia Mori  |  Postado em: 13 de janeiro de 2014

Raimundo Nobrega, 58 (à direita) faz ele mesmo os

Raimundo Nobrega (à direita) faz ele mesmo os bancos

créditos: Pétala Lopes/Folhapress

 

Ao longo dos 2.800 metros da Avenida Paulista, em São Paulo, há um único banco. Ele fica na altura do nº 149 e foi instalado em 2011 pela iniciativa privada (o Instituto Itaú Cultural).

 

Para repousar em qualquer outro ponto da avenida, é preciso se virar de outro jeito. Há quem se acomode na saída de ar do metrô, nos canteiros, em escadarias de prédios e até na base de postes de iluminação.

 

Faltam bancos


Pessoas sentam em canteiro na avenida Paulista (Foto: Pétala Lopes/Folhapress)

 

A Paulista não é o único espaço público que carece de locais para sentar. Não existem assentos em inúmeras praças e em outras avenidas de grande circulação (como a Faria Lima e a Luiz Carlos Berrini).

 

Cansado de esperar pelo poder público, o engenheiro Raimundo Nóbrega decidiu colocar ele mesmo bancos onde não há. Membro do Movimento Boa Praça, que procura revitalizar áreas de convivência, ele criou uma estrutura de madeira e prendeu sobre uma caixa de concreto no largo da Batata. Já tinha feito algo parecido em outras duas praças, com dinheiro do próprio bolso.

 

A prefeitura precisa autorizar intervenções no espaço público. Mas, mesmo sem autorização formal, ninguém incomodou Raimundo. "Todos os moradores dos arredores gostaram, e o pessoal da subprefeitura viu que era uma exigência das pessoas."

 

Dança das cadeiras

A prefeitura não tem dados sobre a quantidade de bancos em áreas públicas na cidade -nem mesmo sabe com exatidão o número de praças. Segundo a Secretaria das Subprefeituras, o primeiro levantamento do gênero está sendo feito no momento.

 

Questionada sobre a ausência de assentos em pontos específicos, a prefeitura deu explicações diversas.

 

A praça Reinaldo Porchat de Assis (Jardim Paulista) seria destinada apenas à vegetação. A praça Silveira Santos (Pinheiros) serviria somente à "passagem dos munícipes". Na recém-reformada praça Domingos Frangione (Brás), a "única solicitação da população junto à Subprefeitura Mooca consistia na adequação da calçada para servir como pista de caminhadas". A instalação no largo da Batata estaria em estudo.

 

Já o projeto de reforma da Paulista —executado em 2009, na gestão Gilberto Kassab (PSD)— não incluia bancos porque a avenida possui grande circulação de pedestres, de acordo com o governo municipal.

 

A Associação Paulista Viva destaca a necessidade de um estudo para que o mobiliário não atrapalhe o vaivém de pedestres.

 

Para o urbanista Álvaro Luís Puntoni, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, nada impede que a Paulista seja um espaço de convivência. "Pelas dimensões da avenida, é perfeitamente cabível. Se fosse outro local, onde o banco atrapalhasse a circulação, poderia não ter."

 

Para ele, "a coisa básica da convivência urbana, de espaços agradáveis de encontro, é deixada de lado". E, nesse caso, melhor aplaudir sentado do que de pé.

 

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