Na última quarta-feira, a reportagem do jornal Extra passou por todo o trajeto do corredor no Recreio dos Bandeirantes e constatou o mesmo problema em três trechos: ondulações no asfalto, formadas nas laterais das pistas. O local mais danificado fica próximo à estação Gláucio Gil, onde passageiros reclamam dos desníveis na pista.
"Há um ano, o asfalto era lisinho, o ônibus nem mexia. Agora, pula demais. Ontem, até bati com a cabeça no teto", conta a secretária Elisabeth dos Anjos, de 44 anos, que usa o BRT diariamente para ir de casa, em Campo Grande, ao trabalho, na Barra.
Uma das causas das dobras pode ser o calor dos últimos dias, que aumenta a temperatura do asfalto e o torna mais flexível. O engenheiro de transportes e professor da UFRJ Giovani Ávila explica que a alta temperatura do asfalto, atrelada ao atrito produzido pela frenagem dos pneus e ao peso dos veículos, é a causa para formar as “trilhas de roda”.
Pista apresenta falhas na Transoeste do Recreio um ano e meio após a inauguração Foto: Thiago Lontra / Extra
"O asfalto é um tipo de pavimento flexível, que pode sofrer a influência do calor e do peso. Por isso, não considero esse piso o mais adequado para uma faixa exclusiva para ônibus, veículos pesados. Um pavimento rígido, como o concreto, seria mais adequado, porém tem um custo inicial um pouco maior", afirma o especialista.
Ônibus BRT articulado passa ao lado de buraco na pista do corredor Foto: Thiago Lontra / Extra
Procurada, a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, responsável pela manutenção da via após o vencimento do contrato de garantia da obra, informa que realiza semanalmente operações para recuperar trechos danificados do pavimento da Transoeste. Segundo nota enviada pelo órgão, “recentemente, técnicos da Secretarias municipal de Obras e da Secretaria de Conservação percorreram todo o trajeto da Transoeste e fizeram um diagnóstico para apontar soluções técnicas cabíveis para as imperfeições que surgem na faixa exclusiva”.
A secretaria, entretanto, alega que não é possível quantificar quanto é gasto com a manutenção da via, pois “os equipamentos e matéria-prima utilizados fazem parte dos contratos de conservação”.
Histórico de problemas
Em agosto de 2012, um mês após a inauguração do BRT, o asfalto vermelho utilizado em alguns trechos apresentava desgaste. O piso estava desbotado em frente às estações Salvador Allende e Benvindo de Novaes.
Já em janeiro de 2013, o Túnel da Grota Funda foi interditado e teve de passar por reforço estrutural. E três meses depois, em abril, um laudo técnico da Coppe/UFRJ revelou que um trecho do BRT próximo à estação do Centro Tecnológico do Exército corria o risco de se romper.
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