Em Salvador, comerciantes esperam aumento de vendas de bicicletas em 2014

Somente no segundo trimestre deste ano, comerciantes registraram aumento nas vendas de até 30%, com estimativa de crescimento ainda maior em 2014

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Fonte: Correio 24 horas  |  Autor: Luana Rocha  |  Postado em: 26 de dezembro de 2013

Heraldo Matos, dono da Erva Ciclo, diz que nos últ

Heraldo Matos, dono da Erva Ciclo

créditos: Marina Silva

 

O mercado de vendas de bicicletas e  acessórios para a prática de ciclismo está em alta em Salvador. Somente no segundo trimestre deste ano, comerciantes registraram aumento nas vendas de até 30%, com estimativa de crescimento ainda maior em 2014.

 

É o caso de Heraldo Matos, dono da Erva Ciclo, há mais de 30 anos,  no bairro do Dois de Julho. “Estimo um índice de elevação de até 30% das vendas na  loja nos últimos três meses. Muita gente que não andava passou a usar a bicicleta, sobretudo por causa da criação de ciclovias porque assim as pessoas se sentem mais seguras para circular”.

 

Proprietário da Noronha Bike, localizada na Baixa de Quintas, Clériston Noronha  ressalta a esperança do setor em crescer em vendas. “Estamos percebendo cada vez mais um movimento de pessoas em busca de bicicletas como alternativa para mobilidade urbana”, acredita.

 

Dono da New World Bike, no Rio Vermelho, Benílio Pereira indica que não houve um aumento nas vendas maior porque “o comércio, de uma maneira geral, não foi muito bom neste ano”.

 

Porém, acredita que o segmento se recupere. “Este ano foi difícil para o comércio, em geral, mas é claro que o movimento de mais pessoas andando de bicicletas pelas ruas vai se refletir nas vendas em breve”, acredita.

 

Para Noronha, o crescimento nas vendas está associado às constantes campanhas que incentivam o uso da bicicleta como meio de transporte, como por exemplo o projeto Salvador Vai de Bike. “Uma coisa interessante que podemos destacar é o aumento do número de mulheres que vêm à loja para adquirir uma bike”.

 

Dados 

Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), de janeiro a  outubro de 2013, foram produzidas mais de 724 mil novas bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM). No acumulado do ano, as vendas no atacado chegaram a 1.478.844 bicicletas. Ainda segundo a Abraciclo, de setembro para outubro deste ano, a comercialização cresceu 33,6%, passando de 74.087 para 99.005 unidades.

 

De acordo com  Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, o mercado tem estimativa de expansão. “Esse é um mercado que tem muito a crescer, pois é um produto que tem muito apelo na mídia em relação à saúde e à mobilidade urbana. Contudo, em relação ao comércio, o ano de 2014 deverá sofrer os impactos da Copa do Mundo e a retração da economia, a exemplo do que ocorrerá com as motos”, conclui Fermanian.

 

Transporte  

Segundo o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luis Augusto Ildefonso, a venda das magrelas começaram a crescer no país a partir do momento em que elas passaram a ser usadas como meio de transporte. “Esse é um mercado em expansão, não tenho dúvida. Em São Paulo, por exemplo, é possível ver lojas de acessórios de bikes completamente lotados”.

 

Pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) – realizada pela Tendências Consultoria – mostra que o Brasil apresenta grande destaque em termos globais no segmento, com um consumo médio de 4,5 milhões de unidades ao ano. Sendo assim, a frota nacional de bicicletas conta atualmente com mais de 70 milhões de unidades, valor acima da frota de carros (cerca de 45 milhões) e de motocicletas (mais de 20 milhões).

 

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação Comercial da Bahia (ACB) não tem dados consolidados sobre o setor na Bahia, como o crescimento de vendas ou abertura de novas lojas da área, por se tratar de uma área específica.

 

Consultoria 

Trabalhando com bicicletas há mais de 20 anos, o consultor Wagner Guiné explica que a capital baiana tem vencido a resistência e investindo cada vez mais no mercado. “Tenho sido procurado com frequência por lojas que querem fazer melhorias nas suas instalações para atender esse mercado em crescimento”, afirma. “As lojas passaram a se especializar mais e deixaram de enxergar o uso da bicicleta apenas como um acessório esportivo”.

 

Wagner aponta ainda um grande problema para crescimento do mercado: o alto preço praticado no Brasil. “Nosso país tem as bicicletas mais caras do mundo”, revela.  De acordo com pesquisa da Aliança Bike – realizada pela Tendências Consultoria – mostra que o Brasil apresenta grande destaque em termos globais no segmento, com um consumo médio de 4,5 milhões de unidades ao ano.

 

Sendo assim, a frota nacional de bicicletas conta atualmente com mais de 70 milhões de unidades, valor acima da frota de carros (cerca de 45 milhões) e de motocicletas (mais de 20 milhões). Além do aumento na frota, o Brasil também é um dos maiores produtores mundiais de bicicletas, com fabricação de cerca de 4,17 milhões de unidades no ano passado.

 

Vou de Bike 

Os empresários do setor são unânimes em afirmar que a implantação do programa Vou de Bike da Prefeitura Municipal foi fundamental para elevar as vendas. “Acho que a tendência é melhorar ainda mais, porque estão sendo feito investimentos na infraestrutura para o ciclista”, pontuou Matos.

 

Desde setembro deste ano, quando o programa foi lançado, já foram cadastradas 42 mil pessoas, sendo 27 mil delas habilitadas e 62 mil viagens realizadas. Atualmente, já existem 20 estações de compartilhamento de bicicletas e três ciclofaixas.

 

Bicicleteiros defendem uso do veículo no dia a dia

Mesmo com a infrestrutura para quem anda de bicicleta na capital baiana ainda tenha uma estrutura precária, existem muitas pessoas que preferem utilizar o veículo como meio de transporte primordial. É o caso do brincante, Álvaro Lima Barros, 29 anos. Sua bike, adquirida em setembro, se tornou uma companheira nas andanças por Salvador.

 

Álvaro Lima: ‘O longe foi se tornando mais perto  com a bicicleta’

 

“Quando comprei a bicicleta a ideia era facilitar meus deslocamentos porque fazia muita coisa perto de casa, mas com o passar do tempo o longe foi se tornando mais perto e passei a fazer quase tudo com a bike”, conta.

 

Morando no Corredor da Vitória, Álvaro passou a utilizar suas duas rodas para se locomover até o trabalho, no bairro da Pituba. Para isso, utiliza duas rotas: uma pela Orla e outra pela avenida Garibaldi. “Pela Orla o caminho é mais curto, mas venta bastante e dificulta a pedalada, então quando vou para o trabalho prefiro ir pelas avenidas centrais”.

 

Também adepto dos pedais, o vendedor Fábio Santos de Assis, 48 anos, já adaptou à sua rotina o uso da magrela. “Eu pedalo desde os 14 anos, seja na cidade ou em trilhas. Mesmo antes de serem criadas ciclovias na cidade, eu já ia trabalhar com minha bicicleta”, conta ele que mora no Engenho Velho da Federação e vai para o trabalho no Dois de Julho com sua bike.

 

“As pessoas precisam começar a usar a bicicleta, realmente como um meio de transporte efetivo e eficaz, que é faz bem pra saúde e nos livra do engarrafamento”, completa. Um desafio constante para quem pedala em Salvador é contar com respeito dos carros. “A gente tem que sempre andar ligado para evitar acidente, além do trânsito apertado tem sempre aquele que avança o sinal e coloca nosso trajeto em risco”, aponta Álvaro.

 

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