A chamada de capa deste mês da revista Pesquisa Fapesp é "A cidade dos rios invisíveis". A edição traz a reportagem assinada pelo jornalista Carlos Fioravanti, que, num trabalho de fôlego, pesquisou as causas históricas da transformação dos rios paulistas, sobretudo o Tietê, em canais poluídos, espaços de congestionamento de carros e fonte de transtorno e preocupação dos moradores da cidade pelas enchentes constantes.
O texto explica como os cursos d´água da cidade de São Paulo - uma infinidade de córregos e rios - passaram, de espaços de lazer e contemplação, e importantes meios de transporte (pela navegação), ao papel de inúteis canais com as margens concretadas ladeadas por vias inóspitas, o tempo todo tomadas por automóveis e caminhões.
Já no início da matéria, o leitor é apresentado aos rios como os vemos hoje: "Os rios que cruzam a maior cidade do país estão geralmente comprimidos e escondidos em túneis de concreto sob as avenidas; alguns ganharam outros percursos – foram retificados, diriam os engenheiros – e não podem ser lembrados como alternativa para um passeio de fim de semana", diz o texto.
O que segue é uma longa análise dos percalços históricos que fizeram do Tietê - no início do século 20, um local privilegiado para piqueniques, torneios de natação e até pesca - um leito degradado por esgotos, sobretudo a partir dos anos 1950 e, nos anos 1970, segregado do entorno urbano pelas vias marginais.
Entrevistada, a historiadora Iris Kantor, da USP, fala de como os rios já foram fundamentais para a mobilidade urbana: “Começamos a nos afastar dos rios quando os rios deixaram de ter a função de comunicação e de transporte”, diz ela à reportagem.
Ciclovias, parques e barcos
O processo de despoluição do Tietê foi finalmente iniciado em 1985 e - há quem duvide - ainda está em andamento, informa o texto. De fato, em abril deste ano o governo anunciou a terceira etapa do programa de despoluição do rio. Consta do programa a construção de ciclovias, calçadões e parques ao longo dos 50 km de marginais. E a navegação dos rios, até mesmo unindo, por barco, os aeroportos de Congonhas e de Guarulhos.
O engenheiro e advogado Rodolfo Costa e Silva, coordenador dos programas de despoluição do rio Tietê e de requalificação das marginais dos rios Tietê e Pinheiros, conta que "o objetivo agora é resgatar um pouco da paisagem perdida".
Prevista no programa de requalificação das marginais, a construção de uma ciclovia sobre o rio Pinheiros, unindo a Cidade Universitária ao parque Villa Lobos, deve começar em 2014. E até o final de 2014, segundo Costa e Silva, deve terminar a primeira etapa de despoluição do Tietê, que consiste na limpeza e arrumação dos afluentes e córregos de oito municípios próximos à nascente – Arujá, Mauá, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba-Mirim e Salesópolis – que abrigam cerca de 1 milhão de pessoas.
Para ler a reportagem completa, acesse o link da revista Pesquisa Fapesp.
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