"Do caos à bike"

Artigo do blog Rua da Gente, de Salvador, explica porque as políticas públicas que priorizam o automóvel andam na contramão da mobilidade. "É malhar em ferro frio", diz

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Fonte: Rua de Gente  |  Autor: Henrique Oliveira de Azevedo  |  Postado em: 18 de dezembro de 2013

Em 4 anos, teremos mais carros do que ruas na cida

Em 4 anos, mais carros do que ruas em Salvador

créditos: Reprodução
 
Se fosse feito hoje, o desafio modal que o jornal Correio da Bahia lançou, em 2012, com largada na Federação e chegada no Iguatemi, em horário de pico, provavelmente teria resultado bem semelhante. Conclusão: correndo se chega antes que de carro.
 
O sistema viário de Salvador tem aproximadamente 5 mil quilômetros. Em 2012, tínhamos 821 mil veículos. Ou seja, uma fila de 4.100 Km de veículos. A cada ano, a frota aumenta em torno de 50 mil veículos. Em 4 anos, teremos mais carros do que ruas na cidade.
 
Não adianta tirar sinaleira, fazer viaduto, duplicar via. O engarrafamento não será reduzido. Os carros ficarão parados, mas se as pessoas quiserem, temos soluções: outras alternativas de transporte.

Em uma mesma faixa de trânsito, podem circular por hora 2 mil carros. Com corredores exclusivos de ônibus, os carros ficam parados, mas 9 mil pessoas podem passar por aquela mesma faixa. Se priorizarmos ciclistas e pedestres, na mesma faixa podem caber 14 mil bikes por hora e 19 mil pessoas a pé.
 

Estará malhando em ferro frio o governo que priorizar o carro individual, investindo em abertura de novas vias e construção de viadutos e pontes só para carros. E solucionando o problema aquele que priorizar o transporte público, o ciclista e o pedestre.
 
Estamos em um bom momento para refletir e implementar medidas de desestímulo ao uso dos veículos individuais motorizados e promover os meios não motorizados. Está nesta direção a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que em seu artigo 5º fala em desenvolvimento sustentável das cidades, segurança nos deslocamentos das pessoas, equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros e deixa clara a ordem de prioridade da mobilidade urbana no país:
 
Londres. Foto: Pablo Florentino
“Prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado.”
 
As cidades europeias têm um índice tão elevado de deslocamentos realizados por bicicleta porque isso faz parte de políticas governamentais para tornar a cidade mais agradável, justa, ecológica e sustentável. Por que não seguir esses exemplos e caminharmos na direção oposta à do trânsito caótico?

 

 

 

*Texto publicado originalmente no blog Rua de Gente

 

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