Apesar de pronta desde a Copa das Confederações, em junho, a estação Cosme e Damião, no bairro da Várzea, Zona Oeste da capital, aguarda novas intervenções para funcionar durante a Copa do Mundo 2014, que começa em junho. A obra é um dos projetos de mobilidade para o Mundial, mas apresentou problemas no evento-teste de junho devido à superlotação.
Durante a Copa das Confederações, os torcedores foram estimulados a usar o metrô para chegar à Arena Pernambuco, que fica em São Lourenço da Mata, a 19 quilômetros do Recife . A outra opção era ir de carro e pagar por vagas em estacionamentos periféricos. O problema é que a estação mais próxima, a Cosme e Damião, foi planejada para atender apenas a população da área, cerca de 3 mil passageiros por dia.
Assim, fotos da multidão espremida nos acessos às plataformas viraram o retrato da (falta de) mobilidade no estado. Só no primeiro jogo, 25 mil pessoas -- 75% do público -- usaram o metrô para ir ao estádio, uma demanda alta e concentrada em poucas horas.
A Secretaria Extraordinária para a Copa do Mundo em Pernambuco (Secopa-PE) anunciou obras para melhorar o fluxo no terminal e também passou a apostar em outros meios de transporte, para distribuir melhor o público.
De acordo com o Metrô do Recife (Metrorec), serão construídas duas rampas e instaladas duas escadas rolantes na Estação Cosme e Damião, dando outras rotas de saída aos usuários, além da escada e do elevador já existentes. Até o final de novembro, no entanto, essas obras não haviam começado.
Em nota, o Metrorec informou que ainda não existe previsão para o início, mas até a Copa elas estarão a serviço da população. "Como os contratos ainda estão em andamento, não podemos ainda precisar o valor total do investimento", diz em nota.
Lotação
A estudante Claudilane Lopes diz que o movimento na Estação Cosme e Damião é tranquilo no dia a dia. "O trem é apertado, mas a estação está muito boa, facilitou a minha vida. Antes, para ir a São Lourenço, tinha que pegar dois ônibus. Agora, a viagem ficou mais curta e pago só uma passagem", disse.
O estudante Bruno Aguiar tem a mesma opinião, mas lembra como ficou o local durante a Copa das Confederações. "Não é apertado aqui, dá para todo mundo da região, mas eu estive aqui em dias de jogo e estava sem condições, só com uma saída", comentou.
Durante a Copa das Confederações, Fernando Jordão, engenheiro e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), apontou falhas na estrutura.
A plataforma da estação tem 100 metros de comprimento por 3,5 de largura, tamanho padrão adotado em outras estações do Grande Recife.
O problema, segundo o especialista, é que entrada e saída da plataforma têm uma única passagem, com cerca de 4 metros de largura, que fica ainda mais estreita por conta da escada, com 2,5 metros de largura – a saída da estação se dá através de um funil. Por isso, ele avalia que a dimensão da Cosme e Damião não condiz com o público esperado para as Copas.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou à reportagem que a construção da estação foi planejada antes de o Brasil ser confirmado como sede do Mundial, para atender 3 mil passageiros por dia.
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