Brasília continua a ser uma cidade para o carro, conclui artigo

Ensaio de Uirá Lourenço, na seção Estudos, mostra como as ações do governo na capital federal vão gerar mais "imobilidade" ao privilegiar o transporte individual

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha / Mobilize Brasil  |  Postado em: 10 de dezembro de 2013

Brasília ainda privilegia o transporte individual

Brasília ainda privilegia o transporte individual

créditos: Reprodução

 

O Mobilize publica hoje (10) artigo do ciclista Uirá Lourenço, de Brasília, que avaliou os projetos e obras de mobilidade na capital federal, e constatou que as ações do governo trazem contradições, a maior delas advinda do fato de que o governo insiste em priorizar o carro, e não modos sustentáveis de deslocamento. 

 

Para mostrar as dificuldades vivenciadas no dia a dia por pedestres, ciclistas e usuários do transporte público na capital do país, o trabalho de Uirá vem acompanhado de ampla documentação fotográfica sobre problemas como ciclovias sem continuidade, calçadas esburacadas ou tomadas por carros, entre outros. 

 

Exemplo da política de governo que Uirá considera equivocada é a proposta de um megaestacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios, com capacidade para 10 mil carros. A lógica, diz ele, é garantir vaga a quem opta pelo transporte individual motorizado. Enquanto isso, diz o texto, as vagas para bicicletas são escassas e o transporte coletivo é de péssima qualidade, sem os investimentos necessários. Além disso, a cultura do carro, que molda a conduta do brasiliense, faz com que haja na cidade inúmeros estacionamentos informais e irregulares, avançando sobre o espaço público. 

 

É fato, aponta o autor, que há ações positivas, como o plano da cidade para construção da maior malha cicloviária do país até 2014 (600 km). Mas, ainda aí, o que se observa são problemas já na obra, pois, afirma Uirá com base na experiência pessoal nesses locais, "a qualidade da infraestrutura é péssima e falta uma política integrada de mobilidade urbana". 

 

Quanto às obras de mobilidade, inclusive as da Copa de 2014, o objetivo de boa parte dos projetos é, mais uma vez, criar soluções para o transporte individual. Além da abertura de espaço nas vias e nos estacionamentos, o investimento é voltado à construção de túneis e viadutos. Um desses empreendimentos, a EPTG - Estrada Parque Taguatinga, que custou mais de R$ 300 milhões e foi indevidamente chamada de Linha Verde  - pois resultou num caminho cinza , com cinco pistas em cada sentido, sendo a faixa de ônibus e o acostamento invadidos pelos carros. Essa obra de ampliação viária logo deve se tornar saturada, deduz o artigo. Já a ciclovia prometida jamais saiu do papel, tampouco os pedestres contam com calçada; e o corredor de ônibus não opera como deveria, em razão de os ônibus não estarem adaptados com portas do lado esquerdo. 

 

Confira o artigo (I)mobilidade e contradições de Brasília

 

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